A nova legislação, que estabelece mais alternativas para a compra de gás natural, permitirá à SCGás, distribuidora de Santa Catarina, estrear na aquisição do insumo para fornecimento no curto prazo. Segundo o presidente da companhia, Willian Anderson Lehmkuhl, nesta terça-feira será divulgada uma chamada pública incremental para buscar fornecedor de gás natural liquefeito (GNL), a ser entregue no segundo semestre do ano que vem. Além disso, será realizada outra chamada no ano que vem para ampliação de fornecedores.
Continua depois da publicidade
Desafios da governadora na economia e na saúde
O objetivo é atender a crescente demanda industrial catarinense, hoje com oferta de gás natural limitada a 2,1 milhões de metros cúbicos por dia pelo Gasbol, em contrato com a Petrobras. O setor industrial responde por 80% do consumo de gás natural no estado e a metade disso vai para o setor cerâmico. Em setembro, as vendas avançaram 11,06% para a indústria frente ao mesmo mês de 2019 e o total consumido foi recorde.
– O nosso mercado registra uma retomada acelerada da crise econômica que surpreendeu a todos. Hoje, a gente vende mais gás natural do que antes da pandemia e boa parte desse crescimento vem do Sul do Estado, do polo cerâmico. Nessa região, o Gasbol tem uma redução de diâmetro muito grande. Então, a própria Petrobras não tem condições de ofertar mais o insumo pelo gasoduto – explica o presidente da SCGás.
Entre as principais causas do crescimento do consumo de produtos cerâmicos estão as reformas de imóveis que avançaram em função da pandemia, e o crescimento da indústria da construção impulsionada pelo financiamento acessível do setor financeiro. Além disso, existem também as influências do câmbio.
Continua depois da publicidade
– O que muitos clientes nos sinalizam é que não só a exportação é estimulada com o dólar alto, mas há, também, a barreira que esse câmbio impõe à entrada de produtos chineses. Aí, a demanda interna tem que ser suprida com produto local. Isso tem favorecido a indústria catarinense – detalha o presidente da SCGás.
A companhia informa que será comprado para a demanda incremental virá em modal alternativo, por meio de portos, em ISO containeres, ou por caminhão a partir da base de liquefação de Paulínea, São Paulo, ou da Argentina, via Uruguaiana, Rio Grande do Sul.
– Como a chamada pública é um processo aberto, podemos ser surpreendidos com outras ofertas que o mercado pode oferecer. Esse movimento de agora será um teste para a abertura futura do mercado do setor no Brasil – avalia LehmKuhl.
Segundo ele, o primeiro edital será aprovado nesta semana, até o final do ano será realizada a chamada específica para a compra e o fornecimento deve ser viabilizado até o segundo semestre do ano que vem.
Continua depois da publicidade
O uso dessa alternativa de fornecimento não requer o transporte pelo Gasbol, o que reduz o preço do insumo entre 15% e 20%. A SCGás vai receber o gás liquefeito através de tancagem. Esse tanque será instalado na rede de distribuição da companhia que transporta até as indústrias. O custo menor sem o uso do Gasbol compensa o preço maior pago por vir em novo sistema de logística.
Outra solução bastante aguardada, segundo Lehmkuhl é a instalação do terminal de regaseificação na Baía da Babitonga, em São Francisco do Sul. Isso porque esse tipo de unidade permite diversas soluções. Pode guardar gás de diversos supridores, o que permite maior concorrência. Além disso, pode incluir o insumo no Gasbol, o que potencializa a pressão do gasoduto. O projeto prevê também uma usina térmica a gás natural.
No livro “Dirigindo o próprio destino”, Nelson Füchter conta trajetória empresarial do avô
De acordo com o presidente da SCGás, o projeto do terminal da companhia norueguesa Golar Power já tem quase todas as licenças necessárias. Falta apenas a licença ambiental de instalação (LAI) para iniciar a implantação, processo que demora dois anos.
Tanto a compra de gás natural liquefeito no curto prazo, quando o terminal de regaseificação consistem em alternativas para ampliar o fornecimento de gás natural no interior do Estado, observa LehmKuhl. A SCGás instalou uma rede de distribuição independente em Lages e também está construindo o gasoduto até a Serra para atender as indústrias de papel e celulose da região diretamente, já que têm um grande potencial de consumo.
Continua depois da publicidade
A empresa também registra demanda de outros polos industriais. Um deles é o de São Lourenço do Oeste, onde as indústrias de alimentos Parati, da americana Kellogg, a Casaredo e outras esperam pelo insumo.