Uma Blumenau ainda traumatizada voltou às aulas na segunda-feira (10). O recesso na rede municipal e as salas vazias na estadual ajudaram a explicar por que as autoridades, antes de lidar com a prevenção a novos ataques, vêm priorizando a sensação de segurança. Sob medo, não há solução que vingue.
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A desarticulação entre prefeitura de Blumenau e governo de Santa Catarina sobre o momento de retornar às escolas criou uma situação incômoda. Os alunos de creches e escolas municipais ficaram em casa porque a prefeitura ordenou recesso enquanto contrata seguranças armados. Nas escolas estaduais, que já contavam com vigias desarmados antes do ataque, teve sala de aula com menos de cinco estudantes.
Na rede particular (da qual faz parte o Centro de Educação Infantil Cantinho Bom Pastor, vítima do crime hediondo), cada empresa tomou seu próprio caminho. O que gerou outra situação esquisita, no caso das creches com vagas compradas pela prefeitura: para os alunos do município matriculados nesses estabelecimentos, não há recesso se a creche não parou.
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A atmosfera segue pesada. Violência gratuita e contra crianças em ambiente escolar é uma chaga social nova. Pais, professores, estudantes, servidores, gestores públicos… Ninguém estava mentalmente preparado para lidar com ela. Parece mesmo necessário recuperar a capacidade de se agir coletivamente. A questão é como.
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Guardas armados
A presença de um agente armado diante da porta do colégio servirá mais pra tranquilizar as comunidades do que para impedir crimes bárbaros. Se a experiência dos Estados Unidos serve de indicativo ao Brasil, investimentos em pessoal armado e câmeras não diminuem a frequência de ataques e nem o número de vítimas em escolas. Medidas mais simples, como canais para denúncias e treinamento de pessoas, tendem a gerar melhores resultados. Mas como fazer isso sem um ambiente de confiança?
O investimento em seguranças será alto, de R$ 70 milhões anuais só para a rede estadual em Santa Catarina. E há dúvidas sobre a oferta de mão de obra capacitada para atuar em ambientes tão delicados, na hipótese de toda prefeitura optar pelo mesmo reforço.
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Se a decisão fosse 100% racional, guardas armados provavelmente não estariam entre as alternativas mais recomendadas para Blumenau e Santa Catarina. Na atmosfera atual, porém, as autoridades locais e estaduais escolheram priorizar a sensação de segurança. Como primeiro passo, pode funcionar. Mas, quando o medo passar, haverá disposição política semelhante para o passo seguinte?
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