
MENOS DOSES
Um corte na previsão de fornecimento de vacinas contra a Covid-19 pelo Ministério da Saúde é o principal motivo da parada abrupta na imunização em Santa Catarina nos últimos dias. Em abril, virão metade das doses de Coronavac inicialmente previstas. Isso 10 dias após o ministério garantir que haveria regularidade nas entregas, dispensando a reserva de estoques para segunda aplicação.
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Desde quarta-feira (31), quando um lote com 309.050 doses foi anunciado para SC junto com o corte, Estado e municípios precisaram reorganizar os próximos passos da campanha. Brasília carimbou 94% da remessa para aplicações de segunda dose. Restariam menos de 5 mil para pacientes novos.
O que está havendo é um pé no freio para evitar falta de doses de Coronavac e completar a imunização dos catarinenses atendidos em março. Isso fica claro na nota técnica enviada pelo governo do Estado aos municípios na noite de sexta-feira (2). Pelos números informados, 404,6 mil doses da vacina produzida pelo Instituto Butantan chegaram aos municípios entre 17 e 27 de março. Agora, é preciso garantir um estoque igual para a segunda dose. Somando-se o que já chegou com os 163,5 mil ainda aguardados para abril, sobram apenas 50 mil imunizantes para primeira dose.
Feitas as contas, a Secretaria de Estado da Saúde decidiu repassar de imediato aos municípios 60 mil unidades de Coronavac para primeira dose em idosos de 65 a 69 anos, evitando uma interrupção prolongada na campanha. Essa diferença de 10 mil doses terá de ser compensada por remessas futuras ainda não garantidas. Também chegarão às prefeituras, a partir deste sábado (3), vacinas de segunda dose aos pacientes vacinados entre 17 e 19 de março.
No lote de 309 mil imunizantes recebido esta semana pelo Estado há também 18.250 unidades da vacina da Astrazeneca, a serem aplicadas em quem recebeu a primeira dose entre janeiro e o início de fevereiro. Veio ainda um quantitativo pequeno de Coronavac para imunizar forças de segurança envolvidas com a Covid-19, mas as doses permanecerão na central do Estado até as "instituições envolvidas direcionarem o destino" delas.
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O avanço da imunização, no mês de abril, dependerá da chegada de mais vacinas da Astrazeneca, produzidas pela Fiocruz. O Ministério da Saúde informou que planeja enviar aos estados cerca de 20 milhões de doses até 1º de maio — na previsão inicial seriam 30 milhões.
Semana após semana, os números de Brasília são desmentidos pela dura realidade, expondo a falta de coordenação nacional e transformando o Plano Nacional de Vacinação em peça ficcional. Após a confusão dos últimos dias, com informações desencontradas e cidades parando a campanha no feriado de Páscoa, Santa Catarina parece estar reivindicando certa autonomia na distribuição das doses aos municípios. Outros estados já foram mais longe neste sentido.
Sinal inequívoco de que o Ministério da Saúde, referência internacional em campanhas de imunização, está com a credibilidade arranhada.
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