Uma pessoa que se diz representante do Laboratório Sinovac, responsável pelo desenvolvimento da vacina CoronaVac tentou aplicar um golpe no governo de Santa Catarina. Documentos obtidos pelo Jornal do Almoço, da NSC TV, mostram o início de uma negociação. O falso representante disse ter disponível um estoque de 30 milhões de doses da vacina na China prontos para venda.

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A negociação não foi concluida e a Secretaria de Estado da Saúde (SES) encaminhou o documento aos órgãos de controle.

A pessoa que se diz representante encaminhou um e-mail para o secretário de Estado sa Saúde, André Motta Ribeiro, dizendo ter sido designado pelo Sinovac, laboratório que produz a vacina, para fazer uma triagem entre os órgãos governamentais interessados em comprar doses.

Para a suposta aquisição de vacinas seria necessário que o governo estadual encaminhasse três documentos via e-mail ao representante. Um deles era uma carta de intenção de compra, que daria início ao trâmite comercial. O segundo certificado era de caráter diplomático e assegurava o cumprimento das recomendações do laboratório sobre aplicação das doses. Uma última recomendação reforçaria o que seria acordado nas manifestações anteriores.

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Cada uma das doses custaria US$ 32 ao governo estadual. Com a cotação da moeda americana desta terça-feira (23), o valor unitário de cada imunizante ficaria em R$ 175,77.

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Após o envio e a aprovação dos documentos, o representante informou que a próxima etapa envolveria a Embaixada Brasileira na China e o governo chinês. Segundo ele, operadores da Sinovac entrariam em contato para agendar reuniões entre Santa Catarina, o país asiático e o laboratório.

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A proposta do suposto representante foi encaminhada pela SES à Superintendência de Gestão Administrativa (SGA).

Empresa nega contato

A Sinovac negou que o homem que enviou e-mail ao governo de SC seja representante da empresa. O laboratório reiterou que seu único representante no Brasil é o Instituto Butantan, de São Paulo.

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A empresa chinesa tem um acordo de transferência de tecnologia com o Instituto. O local é único no Brasil com autorização para a produção do imunizante. O Butantan informou que não possui representantes fazendo negociações com estados e municípios para a venda de vacinas.

Ainda segundo o Instituto todas as doses produzidas estão sendo entregues ao Ministério da Saúde. Questionada pela NSC TV, a embaixada da China no Brasil também informou que a proposta é falsa e não há representantes, no momento, autorizados a fazer a venda direta para estados e municípios.

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A SES informou que encaminhou a proposta aos órgãos de controle para checar a veracidade da proposta. A pasta pontuou que todas as propostas que chegam estão sendo analisadas com cautela e o máximo de segurança.

*Por Dener Alano, Júlio Ettore e Catarina Duarte

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