Depois de quatro meses seguidos no vermelho, o saldo de criação de empregos em Blumenau voltou a ficar positivo em setembro, mostram dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) divulgados na noite desta segunda-feira pelo Ministério do Trabalho. Foram criadas 316 vagas formais, ou seja, aquelas com carteira assinada.
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A variação foi puxada pela indústria da transformação (+208) e pelo setor de serviços (+131). No segundo caso, é provável que o desempenho seja reflexo de contratações mirando a Oktoberfest. Por outro lado, o comércio ficou com saldo negativo de 13 vagas em setembro, o que leva a crer que os preparativos para a festa germânica, que começa nos primeiros dias de outubro, não foram suficientes para reverter a curva de queda da atividade varejista. A conferir o tamanho do impacto do evento no próximo boletim do Caged.
Outros setores da economia, como a atividade extrativa mineral, serviços industriais de utilidade pública, construção civil, administração pública e agropecuária tiveram peso pequeno no mercado de trabalho no mês passado. Juntos, acumularam resultado de 10 postos de trabalho fechados.
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Os números de setembro dão a Blumenau o quarto melhor desempenho entre as cidades catarinenses com mais 30 mil habitantes no mês. À frente estão apenas Joinville (+1.095), Brusque (+563) e Criciúma (+350).
No acumulado do ano, a economia blumenauense contabiliza 3.482 novas vagas. Há que se considerar que 1.246 delas vieram da administração pública e dizem respeito em boa parte aos ACTs, servidores admitidos em caráter temporário que terão contratos rescindidos ao final do ano.
A indústria gerou 1.207 vagas entre janeiro e setembro e o setor de serviços, 1.135. A construção civil abriu 380 postos de trabalho e o comércio fechou 485. A atividade extrativa mineral contabiliza saldo de apenas 3 novos empregos, enquanto a agropecuária eliminou somente 4. Serviços industriais de utilidade pública aparecem com saldo zerado no acumulado de 2018.
Fatores de incentivo
O economista e professor da Furb Nazareno Schmoeller já apostava no retorno do cenário de abertura de vagas ao longo do segundo semestre. Ele avalia que as empresas locais já absorveram, em boa parte, efeitos da greve dos caminhoneiros de maio, que teve impacto no mercado de trabalho nos meses seguintes. Além disso, acrescenta que a liberação dos saques do PIS/Pasep, ainda que com participação menos expressiva, também ajudou a aquecer a economia.
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Em nível nacional, Schmoeller acredita que uma retomada mais robusta da atividade econômica, com consequente aumento na oferta de empregos, só ocorrerá com investimentos em infraestrutura pública, ainda que o próximo presidente coloque em prática uma política mais agressiva de concessões à iniciativa privada. Neste caso, o especialista considera que seria preciso revisar alguns aspectos da PEC que limita gastos do governo.
Volta à normalidade
Vice-presidente regional da Fiesc para o Vale, o empresário Ulrich Kuhn acredita que a greve dos caminhoneiros é passado e que ao menos as indústrias já superaram as turbulências causadas pelo movimento antes mesmo de setembro.
Kuhn não vê um fator específico para a reação do emprego em Blumenau. Considera que a cidade, que sempre apareceu com destaque nos rankings de vagas, vivia um momento atípico, fora da curva, mas que agora indica ter retomado os trilhos. Ainda assim, lembra que o consumo na ponta, um dos fatores de estímulo do crescimento econômico, ainda está aquém do desejado.
