Finalizados no fim de semana, os festivais da cerveja que aconteceram simultaneamente em Blumenau e Balneário Camboriú escancararam que existe uma divisão dentro do setor e que nem todos os representantes do mercado estão falando a mesma língua. A depender da repercussão dos eventos dentro do segmento nos próximos dias e meses, isso não necessariamente é um problema.
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O racha mais visível foi na relação entre prefeitura de Blumenau e Ablutec, associação que por anos organizou tanto o festival quanto o concurso brasileiro de cervejas na cidade. Com o rompimento, a entidade fez as malas e levou a programação para a badalada vizinha – o que fez o caso ter desdobramentos judiciais sobre o uso de marcas. No palco original, a organização passou a ser da Escola Superior de Cerveja e Malte e da Associação Blumenau Capital Brasileira da Cerveja.
Outra fratura que ficou exposta tem ligação com a representatividade do setor. A Associação Brasileira da Cerveja Artesanal (Abracerva) apoiou institucionalmente a programação em Blumenau, inclusive mobilizando-se para o lançamento de uma frente parlamentar mista no Congresso Nacional para discutir pautas de interesse dos cervejeiros.
Como resposta, surgiu em Balneário Camboriú um movimento para criar uma nova entidade para defender o setor, a União das Cervejarias Artesanais Brasileiras (Ucab). Não é exagero supor que, se a Ucab vingar, ambas devem bater cabeça e comprometer a sintonia das demandas aclamadas pelo setor produtivo.
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Com nomes idênticos e propostas aparentemente iguais também, os eventos, por outro lado, revelaram diferenças sutis que o grande público pode não ter notado. A programação de Balneário Camboriú apostou mais em marketing, na comunicação visual e em shows de grandes artistas da música. Em Blumenau, houve foco principalmente no cervejeiro artesanal de pequeno porte que, sem ajuda, provavelmente enfrentaria dificuldades financeiras para comparecer a esse tipo de exposição por conta própria.
Não foram, portanto, programações 100% gêmeas, um indício de que o mercado tem interesse em abraçar propostas variadas desde que elas façam sentido para os negócios – tanto que há casos de empresas que bateram ponto nas duas cidades. Quem participa desses eventos pode ter objetivos distintos: lucrar, divulgar a marca (mesmo que a conta não feche), fomentar o intercâmbio entre profissionais, discutir pautas e desafios em comum. Todos eles são legítimos e engrandecem a causa cervejeira.
Embora sejam indicadores importantes de adesão, ainda é temerário atribuir o sucesso ou o fracasso de um ou de outro apenas com base no número de expositores e do público visitante. Vale, principalmente, identificar o valor agregado, o retorno que as empresas tiveram, o fortalecimento do associativismo e o fomento à economia local – informações que ainda não foram compiladas por meio de algum tipo de metodologia confiável e, sobretudo, isenta.
A primeira impressão que fica é que, com dois grandes eventos realizados ao mesmo tempo, é possível observar o copo meio cheio ou meio vazio. Não faltam ao mercado cervejeiro poder e capacidade de mobilização. Isso representa uma oportunidade de desenvolvimento. Por outro lado, a falta de consenso pode provocar gasto desnecessário de energia, o que é um problema.
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