Um mês antes de anunciar o encerramento das atividades, em comunicado divulgado nesta segunda-feira (6), o Grupo Breithaupt já havia sinalizado que a trajetória quase centenária de um dos ícones da história do varejo catarinense tinha chegado ao fim. No dia 4 de setembro, sem condições de pagar dívidas que somam R$ 35 milhões, a empresa apresentou à Justiça um pedido de autofalência, em meio a um fracassado plano de recuperação judicial e a dificuldades de bancar até mesmo despesas básicas do negócio.

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No documento, ao qual a coluna teve acesso, o grupo admitiu a “completa impossibilidade de cumprimento” do plano de recuperação, que previa um cronograma de pagamento de credores, e a “impossível continuidade” diante de uma inviabilidade econômica, financeira e patrimonial do negócio. Dois motivos principais pesaram para isso: a operação já deficitária da empresa, com um resultado mensal negativo em R$ 165 mil, e a frustração de aportes, inicialmente previstos no planejamento.

A companhia, segundo o processo, tinha a expectativa de captar R$ 1,8 milhão junto a dois fundos de investimentos, mas as operações não foram concluídas “por razões mercadológicas alheias à vontade” da empresa. O documento enviado à Justiça cita uma “lamentável desistência dos fundos feita de última hora, surpreendendo as recuperandas por completo”.

Quando pediu recuperação judicial, em 2020, a rede tinha 20 unidades no Estado, entre elas 13 lojas da marca Breithaupt, de materiais de construção, ferramentas e máquinas, e sete autocenters da bandeira Via BR. Apesar de bem reduzida em relação ao que já havia sido no passado, o grupo ainda mantinha mais de 300 funcionários e um faturamento médio mensal de R$ 4,2 milhões.

Em junho deste ano, no entanto, restavam apenas três lojas, 22 colaboradores e faturamento médio mensal de R$ 475 mil. As dívidas extraconcursais – não enquadradas no plano de recuperação judicial – aumentaram 47% no período.

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O processo destaca que o grupo implementou uma série de medidas para tentar evitar a quebra, incluindo redução de despesas administrativas e operacionais, renegociação de contratos com fornecedores e parceiros comerciais, venda de ativos e esforços para recuperação de clientes. Apesar das providências, “os efeitos práticos foram insuficientes diante do cenário adverso enfrentado”, escreveu a empresa no pedido.

A Rede Breithaupt foi fundada em 1926 em Jaraguá do Sul e se tornou conhecida pela diversificação no varejo, com negócios nos ramos de materiais de construção, supermercados (em operação vendida para a Cooper em 2013), shopping center (comprado em 2016 pelo Grupo Tenco), eletromóveis e automotivo.

No pedido de autofalência, a companhia alegou que não há qualquer perspectiva de reversão da crise e que o encerramento definitivo das atividades estancaria o agravamento das dívidas, evitando mais prejuízos aos envolvidos. A solicitação ainda não foi avaliada pelo juiz responsável pelo caso, mas já houve manifestações favoráveis pela decretação de falência tanto do administrador judicial e do Ministério Público. É uma questão de tempo para que a medida se confirme.

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