A construção até hoje inacabada faz quem passa pela Rua Almirante Barroso, no bairro Vila Nova, lembrar que Blumenau poderia ter um hospital a mais em funcionamento no pior cenário da pandemia do novo coronavírus até agora. Mesmo com os reforços dados às demais unidades hospitalares da cidade nesta crise, é difícil não imaginar como a estrutura desenhada pela Unimed, se estivesse em operação, seria útil no momento em que se corre contra o tempo para ampliar a capacidade de acolher vítimas da Covid-19 – e também de outros doenças – que não param de sufocar a rede de saúde.

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A obra está parada há cinco anos, mas o projeto é bem mais antigo. Ele começou a ganhar forma em dezembro de 2007, quando cooperados da Unimed Blumenau aprovaram em assembleia a construção de um hospital particular na cidade. No ano seguinte, a cooperativa adquiriu um terreno na Almirante Barroso, na esquina com a Rua Theodoro Holtrup, e começou a prepará-lo para a construção. Em maio de 2009, foi protocolado junto à prefeitura o estudo de impacto de vizinhança do empreendimento.

Do documento é possível extrair detalhes da proposta inicial do hospital. A ideia da Unimed era construir uma unidade geral, abrangendo especialidades de clínica médica e cirúrgica de média e alta complexidade, pediatria, gineco-obstetrícia, oncologia, pronto-socorro adulto e pediátrico e unidades de terapia intensiva nas modalidades adulta, pediátrica, neonatal e coronariana, além de centro de diagnósticos por imagens e laboratório de análises clínicas.

Hospital Unimed
Edição do Santa de 13 de dezembro de 2007 destacou o projeto (Foto: Reprodução)

Tudo seria espalhado em uma área construída de 18 mil metros quadrados, com oferta de 200 leitos para a comunidade – 10 deles de UTI. À época, falava-se em um investimento superior a R$ 20 milhões. Como primeira etapa, a Unimed inaugurou em novembro de 2009 a unidade de pronto-atendimento para casos de baixa complexidade, em operação até hoje. No mês seguinte, o Conselho de Planejamento Urbano de Blumenau aprovava a construção do hospital geral depois do projeto passar por audiência pública.

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As obras começaram na sequência, mas chegaram a ser embargadas duas vezes, segundo o histórico da Secretaria de Planejamento Urbano (Seplan) consultado pela coluna. Na primeira, em 2011, houve problema com alvará. Na segunda, em 2014, porque a construção não estava seguindo o projeto aprovado pela prefeitura. Modificações foram apresentadas e os embargos acabaram arquivados, conforme a Seplan. Da parte do município, não há nada hoje que impeça que os trabalhos sejam reiniciados.

Hospital Unimed
Projeto do hospital geral contempla unidade de pronto-atendimento da cooperativa, inaugurada em 2009 (Foto: Patrick Rodrigues)

Sem prazo para retomada

Procurada pela coluna, a Unimed Blumenau enviou um posicionamento sobre a questão (leia a íntegra abaixo). Disse que interrompeu as atividades em 2016 por conta da crise econômica da época, mas acrescentou que planeja retomar a estrutura inacabada do hospital geral. A cooperativa, no entanto, não crava uma data. Alega que as obras serão reiniciadas “no momento adequado”.

Segundo a cooperativa, desde o final de 2018 um grupo de técnicos estuda o assunto. No início do ano passado, foi apresentado internamente um estudo de viabilidade para a centralização das atuais operações assistenciais na estrutura, além de um plano diretor para guiar o uso futuro do prédio. Já está decidido, por exemplo, que a unidade não terá mais leitos de UTI.

Com o início da pandemia, acrescenta a Unimed, o projeto ficou parado “pois não faria sentido tal investimento naquele momento”. Na época, a quantidade de leitos disponíveis na área de abrangência era considerada adequada, segundo a cooperativa. Desde então, estão sendo avaliados orçamentos com algumas construtoras para dar andamento à questão.

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O que diz a Unimed sobre o projeto do novo hospital:

A Unimed Blumenau planeja retomar a estrutura inacabada do Hospital Geral Unimed (HGU) na Vila Nova. Em 2016, as atividades foram interrompidas por conta da crise econômica, e desde o final de 2018 um grupo de técnicos estuda o assunto. As obras serão retomadas no momento adequado, contemplando as seguintes unidades assistenciais alvo da centralização: Hospital Unidade Centro, Pronto Atendimento, SOS Unimed e Centro de Promoção e Atenção à Saúde (CEPAS).

No início de 2020 foi apresentado internamente um estudo de viabilidade para a centralização das atuais operações assistenciais da cooperativa na estrutura, além de um Plano Diretor para guiar o uso futuro do prédio.

O primeiro projeto antes da crise em 2016, contemplava no máximo 10 leitos de UTI e não 30. Depois dos estudos de reformulação, ficou decidido que a unidade não terá mais leitos de UTI. Neste primeiro momento, apenas serão centralizados no prédio, os serviços e atendimentos de baixa e média complexidade para atender aos beneficiários.

Com o início da pandemia em 2020, algo que ninguém era capaz de prever, o projeto ficou parado, pois não faria sentido tal investimento naquele momento. Desde então, estão sendo avaliados orçamentos com algumas construtoras para dar andamento nesta questão.

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No início da pandemia, a quantidade de leitos disponíveis na área de abrangência da Unimed Blumenau era adequada. E mesmo que a obra do hospital retomasse em 2020, não seria finalizada a tempo de amenizar esta atual onda da Covid-19, principalmente nas atuais circunstâncias, onde a maior falta é de profissionais de saúde, equipamentos e insumos.

Na visão da Unimed Blumenau, a falta de leitos se deve ao aumento acentuado da infecção por coronavírus e aglomerações, que resultaram em outras cepas e variantes muito mais transmissíveis, criando este cenário de colapso no sistema de saúde.

A Unimed Blumenau está trabalhando junto aos hospitais neste enfrentamento e unindo esforços para que nenhuma pessoa corra o risco de ficar sem atendimento.

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