Lideranças políticas de Blumenau já respiram as eleições municipais de 2024. Enquanto partidos encomendam pesquisas informais de intenção de voto, tentando medir a temperatura de momento do eleitor, conversas e buscas por alianças, antes restritas aos bastidores, estão cada vez mais expostas e aos poucos vão clareando o cenário para o pleito do ano que vem.

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Se ainda há dúvidas sobre quem serão todos os aspirantes ao cargo de prefeito, ao menos um nome parece ter largado na frente nas articulações, pavimentando o caminho para uma candidatura que tende a ser uma das protagonistas da disputa. Trata-se do ex-promotor de justiça Odair Tramontin (Novo). Aposentado do Ministério Público de Santa Catarina, ele agora tem mais liberdade para flutuar na política.

De todas as alternativas à majoritária já ventiladas, Tramontin talvez seja dado como o nome mais certo a estar nas urnas em 2024. A tendência é que a cidade repita a dobradinha que Novo e PSD vêm costurando em nível estadual. Os pessedistas indicariam o vice. Especula-se que a vaga seria reservada a Denise dos Santos, esposa do deputado federal Ismael dos Santos (PSD), ligado à Assembleia de Deus.

Os pré-candidatos a prefeito em Blumenau nas eleições 2024

Relação abaixo, em ordem alfabética, considera todos os nomes já especulados

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A se confirmar a chapa, Tramontin teria a bênção de parte de um fiel eleitorado evangélico, conhecido por ser puxador de votos. A estratégia, aliás, lembraria a adotada por Napoleão Bernardes em 2012 – tucano à época, hoje ele curiosamente joga no time dos pessedistas. O ex-prefeito concorreu ao lado de Jovino Cardoso (então no DEM), também com um pé na Igreja. A dupla não era a favorita nas primeiras pesquisas, mas no fim levou a fatura superando Jean Kuhlmann (PSD) e Ana Paula Lima (PT). Mais tarde, a composição se revelaria meramente pragmática, com Jovino ofuscado pela gestão municipal e ficando de fora do projeto de reeleição.

Embora nunca tenha ocupado cargo eletivo, Tramontin também pode se beneficiar do que especialistas chamam de “recall eleitoral” – quando um candidato é naturalmente lembrado pelo eleitor por ter disputado eleições anteriores. Em 2020, o promotor de Justiça aposentado bateu na trave e por pouco não superou João Paulo Kleinübing (à época no DEM) por uma vaga no segundo turno das eleições municipais contra Mário Hildebrandt (Podemos). Ele também disputou o governo do Estado em 2022 pelo Novo.

Mesmo vindo de duas eleições seguidas, Tramontin ainda ostenta um certo rótulo de “outsider”, já que não construiu carreira na política. Um dos maiores desafios, no entanto, será convencer o eleitorado mais atento que o Novo não se tornou um “partido velho”. A sigla surgiu e se tornou conhecida no Brasil priorizando chapa pura, condenando o “toma lá, da cá” – a oferta de cargos por apoio político – e defendendo liberdades individuais. A coligação com outra legenda e a possível influência de uma ideologia mais conservadora na formação da chapa colocam esse discurso de nascença em xeque.

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Indefinição na situação

Dentro do atual grupo político que governa Blumenau, a avaliação é de que Odair Tramontin (Novo) é o candidato a ser batido. Mas o cenário na situação ainda é de indefinição. Com Mário Hildebrandt (Podemos) fora do jogo, a atual vice, Maria Regina Soar (PSDB), é o nome natural à sucessão, mas internamente sua candidatura não é unanimidade.

O futuro político de Hildebrandt, aliás, terá peso nessa costura. É sabido que o prefeito está de saída do Podemos. Sua nova sigla, no entanto, ainda é um mistério. Nas bolsas de apostas, PP e PL surgem como as alternativas mais prováveis.

Apesar de ter apoiado Carlos Moisés (Republicanos) no primeiro turno das eleições estaduais do ano passado, Hildebrandt vem se movimentando para se aproximar do governador Jorginho Mello (PL). Hoje os sinais indicam que ambos estarão embarcados no mesmo projeto político em 2024.

O candidato do governo do Estado em Blumenau, porém, ainda é uma incógnita. Entre os nomes já especulados estão o deputado estadual Ivan Naatz, Kleinübing e a ex-secretária de Educação Patrícia Lueders, além das deputadas federais bolsonaristas Júlia Zanatta e Daniela Reinehr. Todos, com exceção de Kleinübing (União), são ligados ao PL.

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Correndo por fora

A deputada federal Ana Paula Lima (PT) desponta como provável principal nome da esquerda nas eleições de Blumenau. O Partido dos Trabalhadores tem uma militância aguerrida e fiel, mas que nos últimos anos tem se mostrado insuficiente para alçar o partido ao segundo turno local. A “concorrência” com outras legendas do campo progressista em pleitos recentes tornaram a missão ainda mais difícil.

Por outro lado, uma eventual pulverização de candidaturas de direita pode beneficiar o PT, a exemplo do que ocorreu nas eleições ao governo do Estado em 2022. Com muitos nomes disputando esta fatia do eleitorado, Décio Lima abocanhou o que para muitos soava uma improvável vaga no segundo turno contra Jorginho Mello (PT) – acabou sendo derrotado mais tarde.

Se este cenário se repetir em Blumenau, o PT, agora, teria a máquina federal e o governo Lula ao seu lado. Um dos trunfos a serem explorados é o avanço nas obras de duplicação da BR-470, bandeira histórica da região. O ano de 2023 já bateu o recorde em volume de investimentos na estrada. A conferir se o aporte sem precedentes seria suficiente para quebrar a resistência geral do blumenauense à sigla.

E os outros?

Partidos como União Brasil, MDB e PP, entre outros, têm musculatura política. Nomes como os do deputado Marcos da Rosa (União) e do presidente da Câmara de Vereadores de Blumenau, Almir Vieira (PP), já foram “lançados” como pré-candidatos por suas siglas. Mesmo que não estejam na majoritária, estas legendas podem ser importantes aliadas em outros projetos políticos.

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