O empresário Luciano Hang armou o palanque, anunciou aos quatro ventos que estava no jogo, atiçou o meio político catarinense, mas no fim recuou da possibilidade de disputar um cargo eletivo no pleito de outubro. A decisão, diretamente influenciada pelo crescimento da Havan, só não é 100% irreversível porque política, como se sabe, é uma nuvem que muda de formato cada vez que se olha para ela. Neste momento, no entanto, Hang não está disposto a encarar uma candidatura. A poucos dias do fim do prazo para filiação partidária, parece ser improvável que mude de ideia.

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— Eu vou ser um ativista político. Eu vou me envolver na política sem ser político — afirmou Hang por telefone ao blog na segunda-feira à noite.

Desde que convocou uma coletiva de imprensa, em janeiro, para anunciar que se engajaria mais na política, Hang vinha sendo alvo de especulações. Neste meio tempo, conversou com legendas – ele anunciou a desfiliação do PMDB em janeiro –, ouviu caciques interessados em seu passe, declarou guerra à esquerda em vídeos publicados em suas redes sociais e foi carimbado com o status de outsider. Seu nome ganhou projeção como alternativa ao governo do Estado principalmente pela trajetória empreendedora de sucesso, perfil que o diferenciaria num cenário dominado por candidatos que representam correntes tradicionais da política catarinense.

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Não foi por falta de portas abertas que Hang declinou de entrar na disputa. O blog já havia cantado a pedra: embarcar na carreira política significaria deixar o dia a dia da Havan, diante da impossibilidade de conciliar compromissos públicos com o ousado plano de expansão da empresa. A rede varejista quer atingir a marca de 200 lojas em todo o Brasil até 2022, com receita anual superior a R$ 10 bilhões. A projeção representa o dobro do faturamento registrado em 2017.

— A Havan está crescendo muito. É uma empresa jovem que ainda precisa muito de mim — afirma o empresário, indicando que está longe de pensar em um plano de sucessão no comando dos negócios.

Hang pode não figurar no primeiro pelotão da corrida às urnas, mas tem cacife para ser um cabo eleitoral de luxo. Ele despista quando o assunto são nomes que apoiaria. Diz que defenderá quem se comprometer com uma gestão que aumente a capacidade de investimento e não se limite apenas a custear a máquina pública. Defende candidatos liberais na economia e conservadores nos costumes. E garante que continuará falando aquilo que pensa.

Se depender do ritmo de inaugurações da Havan, não faltarão oportunidades para repetir o discurso. No último sábado a rede inaugurou sua 108ª loja, em Gaspar. As próximas serão em Vitória da Conquista (BA) e Vilhena (RO). A meta é encerrar 2018 com mais de 120 pontos de venda espalhadas de norte a sul do país.

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Falta de tempo

Questionado a respeito, Hang nega que a desistência de uma eventual candidatura tenha ligação com a exposição de sua imagem diante de condenações sofridas pela Justiça Federal por evasão de divisas e lavagem de dinheiro. O empresário recorreu da decisão, mas os processos acabaram prescrevendo. Ele também rebate acusações de sonegação de impostos:

— A Havan não deve para ninguém. Vamos pagar US$ 1,5 bilhão em impostos e contribuições neste ano, está tudo em dia. O que me falta (para concorrer) é tempo.