Ainda dá tempo de escrever sobre as mulheres? Acredito que sim. O Dia Internacional da Mulher é dia 8, mas vamos estender essa celebração e ideal de igualdade para todo o mês de março (ou para todo o ano… ou para sempre), não é mesmo?

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Anos atrás, fui convidada por um site de games para falar sobre ser uma mulher gamer. A entrevista foi mais focada no assédio que algumas jogadoras infelizmente sofrem em jogos online. Mas, antes da minha participação no site, fiquei pensando sobre como eu tinha um certo preconceito com personagens femininas nos videogames.

O primeiro console que eu tive foi o Mega Drive. Naquela época, nem tinham muitas personagens femininas, principalmente como único protagonista controlável. Os jogos do Mega em que você só pode ser uma mulher devem ser menos de 30 em uma biblioteca de 900.

Porém alguns jogos permitiam que você escolhesse ser uma moça. Temos uma gama delas em games de luta, por exemplo. Você poderia ser a Sonya, no Mortal Kombat, a Chun-li, no Street Fighter II, ou a Blaze, no Streets of Rage.

E sabe do que mais? Eu nunca escolhia a mulher. E exatamente sobre isso que fiquei pensando antes de fazer a entrevista. Por que não escolhia ser a moça, sendo que sou uma na vida real?

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Eu não gostava das mulheres nos videogames. Elas costumavam ser o personagem mais rápido, mas também o mais fraco. Além disso, nessa época elas também eram super estereotipadas: cheias de maquiagem, unhas pintadas e roupas coladas ou curtíssimas.

Personagem Dixie Kong, da série Donkey Kong Country
A Dixie do século 21 não tem mais as unhas pintadas (Foto: Nintendo/Divulgação)

Uma coisa que me incomodava, por exemplo, era a Dixie da série Donkey Kong Country, do Super Nintendo. Uma macaca com um cabelo loiro enorme, unhas pintadas e vestida de rosa. Eu não gostava dela porque não me identificava com isso. Só porque sou uma moça, não tenho que me vestir de rosa e pintar as unhas.

Talvez você ache tudo isso um exagero. É só um personagem de videogame, não é mesmo? Mas, naquela época, parecia que só existia um jeito de ser mulher. É só pensar no Super Street Fighter II. Os homens são variados. Tem homem com muita roupa, outros com pouca. Tem gordos, tem magros. Tem cara que é altão, outros não. Mas a Chun-li e a Cammy são duas magras com as pernocas de fora.

Lara Croft em sua primeira aventura, em 1996
Lara Croft tá chocada com esses gráficos quadradões do PS1 (Foto: Square Enix/Divulgação)

Felizmente, isso tem mudado. Já na geração do Playstation 1, nascia uma das personagens mais importantes dos videogames, a Lara Croft. Apesar de usar um short curto para andar no meio da neve, ela sempre foi uma guria inteligente, corajosa e estudiosa. E os jogos da série Tomb Raider são daqueles que não adianta só sair atirando, tem que usar a cabeça para resolver os quebra-cabeças.

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Nessa época, também surgiram outras mulheres muito legais, como a Aya de Parasite Eve, as gurias do Resident Evil e a Heather do Silent Hill 3. E daí vimos várias formas de ser uma moça, sem precisar usar rosa.

Personagem Kassandra, do jogo Assassin's Creed Odyssey
Kassandra não sabe se é a Mulher-Maravilha ou a Xena, a princesa guerreira (Foto: Reprodução/Assassin’s Creed Odyssey)

Desde então, as personagens femininas nos videogames têm, felizmente, variado bastante. Agora sempre escolho ser uma moça, quando dá. E muitos e muitos jogos têm trazido essa possibilidade. Tem desde as mulheres mais no estilo “pessoa comum”, como a Marianne do The Medium, passando pela musculosa Kassandra, de Assassin’s Creed Odyssey, até a loucura que é a Bayonetta.

Existem vários jeitos de ser uma mulher e variedade é muito legal! Se, quando criança, eu jamais escolhia a Blaze, ela agora virou minha principal no Streets of Rage 4, sendo rápida e forte o suficiente para o meu estilo de jogar essa série.

Personagem Aloy, de Horizon Forbidden West
Aloy em sua mais nova aventura, em Horizon Forbidden West (Foto: Sony Interactive Entertainment/Divulgação)

Fico muito contente que as garotinhas de hoje vejam muitas mulheres diferentes nos videogames, seja a quietíssima Samus, de Metroid, a querida Aloy, da série Horizon, ou nossa eterna heroína Lara Croft. Que possamos ver, cada vez mais, diferentes tipos de moças nos jogos, incluindo aquelas que amam pintar a unha, usar rosa ou vestir roupas coladas ou curtas. Tem espaço para todas!

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