Vi que No More Heroes III, um jogo do Nintendo Switch no qual eu estava de olho, foi anunciado também para Playstation, Xbox e PC. Isso me incomodou um pouco. Parece que estamos tendo cada vez menos exclusivos.
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Eu poderia estar comemorando, claro. Os jogos no Switch costumam ser mais caros, especialmente as versões físicas, com caixinha, que eu adoro. Pegando no Xbox, por exemplo, provavelmente pagaria bem menos. Esta parece ser a opinião da internet: “que bom que mais jogadores poderão apreciar este game! Todo mundo ganha!”. Eu já acho que não é tão simples assim.
Já falei um pouco sobre esse assunto na estreia do Pensando Sobre Games aqui no NSC Total, mas queria expandir. Já li muito em fóruns quem ache que, se o jogo não é feito pela Nintendo, Sony ou Microsoft, não deveria ser exclusivo.
Talvez eu seja velhinha, mas lembro que havia diferenças significativas entre as bibliotecas do Super Nintendo e do Mega Drive. Ou, mais ainda, a do Playstation 1 e Nintendo 64. E nem todos esses exclusivos eram da Nintendo, Sega ou Sony. Tinham os da Squaresoft, os da Rare, os da EA, da Virgin, da Sunsoft, da Konami, da Capcom e outras empresas. Às vezes, um mesmo título tinha versões diferentes, como o Aladdin do Mega Drive e Super Nintendo.

Claro que nesse tempo os jogos eram mais baratos para produzir, levavam menos tempo e não precisavam vender milhões e milhões, como é necessário para um Assassin’s Creed da vida. Porém, uma parte de mim teme um futuro sem consoles.
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Eu já aceitei que não sou PC Gamer. Realmente não sei configurar direito, não sei montar um computador. Gostaria de botar o cartucho ou o disco e o jogo já começar. Não quero ficar mexendo em anti-aliasing e motion blur, que confesso nem ter conhecimento suficiente para me sentir segura na opção que eu escolher. Prefiro que o game se autoconfigure, mesmo que não fique o mais lindo possível para a máquina que eu tenha em casa. Se o ventilador do PC começa a fazer muito barulho, então, fico apavorada.
Então veja como, para mim, seria muito ruim se os videogames sumissem. Se você acha isso muito dramático ou apocalíptico, não é que o PC seja o futuro dos jogos. Pode ser um serviço como o GE Force Now ou Game Pass Cloud, por exemplo, em que você joga na nuvem, caso tenha acesso a uma boa internet.
Com todos os jogos do Xbox indo para o PC e alguns (no futuro, todos?) do Playstation também, não parece que é melhor investir em um computador do que comprar dois videogames com bibliotecas bem parecidas, fora os exclusivos?
E os consoles não ficam menos atrativos? Se No More Heroes III não vai mais ser exclusivo do Switch, menos um motivo para ter um Switch. Claro que sei que provavelmente ninguém iria comprar um só por causa desse jogo. Mais fácil a grande motivação ser um Zelda ou Mario Kart.
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Porém, bibliotecas parecidas tornam ter mais de um aparelho uma opção menos atrativa. Ou mesmo justificar a presença de mais de um console no mercado. Se todos os jogadores forem para um videogame só, mais ou menos como ocorreu com o Playstation 4, fica difícil justificar a existência do Xbox One, não é mesmo? Um videogame que tem quase os mesmos jogos que o PS4, sendo que o console da Sony tem a vantagem de exclusivos de peso. Qual você escolheria ou escolheu?

Felizmente a Microsoft tem reagido. E ela está investindo também em exclusivos, para que o jogador tenha motivos para ter um Xbox Series, que não seja só o preço do Series S ou a potência do Series X. Afinal, exclusivos Nintendo e Sony têm de sobra. E dessa forma o mercado pode comportar três videogames, já que todos têm diferenças suficientes entre si.
Se na época do PS1 e N64 havia exclusivos feitos por outras empresas, não vejo por que isso não pode continuar. Afinal, os videogames estão vendendo, sempre vão ter jogadores em cada plataforma para investir nesses títulos. Menos consoles no mercado geralmente significa menos jogos e preços mais altos. Por isso, pelo menos para mim, quanto mais exclusivos, melhor.
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