O clã Bolsonaro é o grande responsável pela ressurreição anímica do governo Lula. Em junho de 2025, o atual ocupante do Planalto vivia o seu pior momento de popularidade desde o início do 3º mandato: pesquisa Quaest apontava que 57% dos brasileiros desaprovavam o governo. E, mais importante — pela primeira vez, de forma inédita — a pesquisa mostrava que, em um eventual segundo turno, Lula empataria com o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, com 41% e 40%, respectivamente.
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Era o pior cenário para o mundo petista. Até então, o governador do mais importante estado brasileiro se apresentava como fiel ao bolsonarismo, mas em tom moderado — algo essencial para atrair o centro não fanatizado dos dois extremos — e já dava sinais de que poderia se candidatar à Presidência da República.
Tudo mudou no dia 9 de julho, quando o presidente dos Estados Unidos (EUA), Donald Trump, anunciou um tarifaço de 50% para as exportações brasileiras. O deputado federal Eduardo Bolsonaro teve um papel importante nessa decisão, péssima para a economia nacional. O peso de sua interlocução junto à Casa Branca é incerto, mas que foi um fator motivador, foi — tudo na tentativa de reverter o processo contra o pai, Jair Bolsonaro, até então ainda não condenado por tentativa de golpe de Estado.
O ato de Eduardo pode ser considerado um dos maiores “tiros no pé” da história da estratégia política brasileira. Com a inflação corroendo o poder de compra do trabalhador, a taxa de juros nas alturas, inadimplência recorde e criminalidade como maior preocupação do brasileiro, Lula — que, em junho, comandava um governo sem uma marca nova — inventou a soberania nacional como bandeira.
De um lado, os que jogavam contra os interesses dos trabalhadores brasileiros; de outro, quem defendia o país contra tentativas de intervir em decisões judiciais próprias de cada nação e proteger a economia nacional. Ficou fácil ganhar aderência na classe média não militante e centrista.
Depois, Tarcísio defendeu a anistia, radicalizou o discurso, veio a trapalhada da “PEC da Blindagem” (apelidada de “bandidagem”), em que o PL defendeu em massa e o PT também contou com 12 votos favoráveis à proposta indecente — felizmente, depois arquivada por unanimidade pelo Senado.
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De julho até agora, Lula melhorou sua popularidade e os cenários apontam para vitória em segundo turno em 2026. É a fotografia de hoje. Tudo pode mudar, como ensinava o velho político ao comparar a política às nuvens no céu.
Enquanto Lula e seu governo populista e perdulário ganham um estímulo pós-tarifaço e pós-condenação de Bolsonaro — e já têm candidato firme e definido em campanha pela reeleição —, a oposição está sem candidato e sem discurso.
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