A frota de motocicletas é a que mais cresce em Santa Catarina: já são 1,6 milhão de veículos registrados no Detran, um salto de 18% ao ano. Se, por um lado, a moto representa mobilidade rápida e econômica — além de oportunidades de trabalho como entregador ou mototaxista —, há um lado obscuro nesse avanço acelerado: o aumento dos acidentes e das mortes.

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Nas rodovias federais catarinenses, o cenário é alarmante. As mortes de motociclistas dispararam: alta de 22%, com 120 vidas perdidas entre janeiro e novembro de 2025, ante 98 no mesmo período de 2024. No total, foram 3.590 acidentes e 4.055 feridos apenas este ano.

São vidas interrompidas, corpos dilacerados e sequelas permanentes que impactam famílias inteiras. Além do drama humano, o custo social é gigantesco — do atendimento no SUS ao impacto direto na mobilidade urbana. A cada acidente, uma ambulância é acionada, o trânsito é bloqueado e as filas se tornam rotina. Falar apenas em duplicações e triplicações de pistas é insuficiente: trânsito é sistema, e sistemas exigem harmonia. Semáforos sincronizados, gestão de crise, transporte coletivo eficiente, infraestrutura adequada — tudo precisa funcionar em conjunto.

Imprudência

Motociclistas, pedestres e ciclistas são elos frágeis no trânsito e, muitas vezes, vítimas de motoristas imprudentes. Mas é inegável que parte dos acidentes decorre da própria condução agressiva de alguns motociclistas. O avanço de sinal, a circulação por calçadas e ciclofaixas, e o “balé” entre os carros não são exceções — são cenas diárias.

Soluções possíveis

Soluções mágicas não existem. Mas repetir as mesmas iniciativas esperando resultados diferentes já se provou inútil. É preciso ir além da dupla clássica “fiscalização + educação”.

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Uma alternativa com resultados concretos vem de São Paulo, que implementou faixas exclusivas para motos e conseguiu reduzir acidentes e mortes. O inspetor Adriano Fiamoncini, da PRF, defende testar o modelo na Grande Florianópolis — na Beira-Mar Norte, na Via Expressa e no trecho da BR-101 entre Biguaçu e Palhoça. A proposta também é apoiada pelo engenheiro de tráfego Lucas Trindade e pelo doutor em mobilidade urbana Carlos Félix.

Ou seja, há respaldo técnico e experiências bem-sucedidas que justificam experimentar algo novo — e com baixo investimento.

A hora é agora

O que falta? Articulação política. Vontade dos órgãos públicos. Coordenação entre governos e prefeituras.
Vamos esperar até quando?

Hoje, a cada três dias morre um motociclista em uma rodovia federal de Santa Catarina — número que nem inclui as estradas estaduais e os perímetros urbanos.

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É hora de trabalhar.

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