Os comentaristas esportivos costumam dizer que o “se” não entra em campo e, portanto, o “ se”,  não joga. Fazem isso para ponderar na  explicação de  que o time poderia ter vencido caso  tal jogador tivesse sido escalado para determinada partida.

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Agora, vamos para a política, num exercício de imaginação.

Carlos Moisés da Silva se elegeu como o candidato de Jair Bolsonaro em Santa Catarina. Logo que assumiu, inflado pelos 71% dos votos que recebeu no 2º turno, tentou carreira solo, buscando suas próprias convicções, e, aos poucos, foi se afastando do Planalto.

Recebeu MST para tratar de agricultura familiar, tentou aumentar imposto para defensivos agrícolas com maior toxicidade e fez críticas duras ao presidente da República. Se disse “estarrecido”  quando Bolsonaro pediu, logo no início da pandemia, em março, “ a volta à normalidade” e criticou o “confinamento em massa”.

Esta coluna de hoje não tem  o propósito de analisar se os atos do governo estadual e os caminhos escolhidos por Carlos Moisés foram corretos, técnicos, fruto do bom senso, do equilíbrio e do respeito à ciência. Não é isso que se discute, especificamente, neste texto. São as  suas implicações e consequências políticas.

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A questão é que Moisés se elegeu por ser o representante de Bolsonaro em Santa Catarina, na chamada onda 17. O afastamento  do chefe do Poder Executivo Estadual do ocupante do Planalto o enfraqueceu politicamente. Caso estivesse, ainda, com Bolsonaro, o clima para impeachment dificilmente existiria. Haveria defesa ostensiva na Alesc e, como escreve o colega Upiara Boschi, teria  “torcida”, ainda mais num estado conservador e que consagrou Bolsonaro nas urnas onde este foi o mais votado em 90%  dos municípios catarinenses. De 295, Bolsonaro venceu em 266 cidades.

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Há de fato um estelionato eleitoral ?

Depende do ponto de vista. Para o eleitor Bolsonarista raiz, certamente sim. Se afastar de Bolsonaro enfraqueceu Moisés e permitiu o desgaste do processo de impeachment.