A decisão do Conselho Universitário (CUn) da UFSC em retirar o nome do campus da Trindade, em Florianópolis, do professor, fundador e 1º reitor João David Ferreira Lima é prova da desconexão com os reais problemas da instituição e expectativas da sociedade produtiva.

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Um evidente viés ideológico e partidário do CUn, baseado em uma controversa Comissão da Memória e Verdade (CMV), optou pela retirada da homenagem ao ex-reitor. A CMV concluiu que o ex-reitor teria contribuído com informações aos órgãos de repressão, resultando em perseguições a professores, estudantes e servidores durante a ditadura militar.

Reunião em março discutiu problema no orçamento da UFSC

Familiares de Ferreira Lima e sua advogada, Heloísa Blasi Rodrigues, apontam que “os documentos apresentados pela CMV não são suficientes para comprovar tais acusações. Ele não tinha poder de polícia, tampouco promoveu perseguições. A decisão de renomear o campus fere a memória de alguém que dedicou sua vida à construção da universidade”.

Evidente que não se faz, aqui, defesa do regime militar e arbitrário que vigorou à época no Brasil. O ponto central é a falta de provas, de análise do contexto histórico e a tentativa de impor uma agenda. 

Vivemos um tempo de muita hipocrisia onde busca-se reescrever a história. A democracia é relativizada, a indignação é seletiva. O maior esquema de corrupção da história do Brasil (petrolão) é tratado como história de ficção. “Defensores da democracia” no Brasil apoiam uma ditadura religiosa (Irã) que mata opositores, prende a mulher que mostra o cabelo e não tolera gays. Mas, contudo, representa a “resistência ao imperialismo estadunidense”. É o que basta.

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Esperar o que? Tolerância é tudo aquilo que pregam, desde que se pense igual. 

O Reitor Irineu Manoel de Souza disse, em março, que a UFSC tem recursos apenas para funcionar até outubro. A previsão é de um déficit de até R$ 37 milhões para 2025. No cenário atual, faltarão recursos para o custeio (energia, água, segurança, manutenção).

“Temos problemas estruturais seríssimos e prédios em péssimas condições”, disse à coluna o professor Bebeto Marques, presidente da Associação dos professores da UFSC (Apufsc). 

A Apufsc, aliás, que fez uma consulta pública para ouvir a opinião dos associados sobre a proposta de mudança do nome do campus. A maioria votou contra (54,8%).

“Por que não realizaram uma consulta pública com toda a comunidade acadêmica em um tema tão sensível? A escolha deveria ocorrer através da democracia direta”, defende Bebeto, ao criticar que a escolha tenha ocorrido apenas pelo CUn.

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A minoria barulhenta e ideológica da UFSC venceu. 

Por enquanto. 

A UFSC é gigante, tem o melhor capital humano de Santa Catarina, pesquisa e extensão universitária de qualidade. Não pode ficar refém.

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