A Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) está sem recursos para pagar as contas de água e de energia elétrica. A fatura com a Casan não é quitada desde agosto; a da Celesc, desde outubro. Diante da situação, a universidade renegociou as dívidas com as duas estatais para quitar os valores apenas em 2026.

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Esse é o retrato dramático do quadro financeiro da UFSC. E o cenário tende a se agravar: o orçamento para o próximo ano será menor do que o atual. Em 2026, a instituição contará com um orçamento de custeio de R$ 164,6 milhões — valor inferior aos R$ 171 milhões previstos para 2025.

Veja fotos de como foi a construção do campus Trindade da UFSC:

— Será preciso fazer um esforço enorme, porque os recursos são insuficientes para o tamanho de uma instituição como a nossa — afirmou o reitor Irineu Manoel de Souza, em entrevista ao programa Conversas Cruzadas, da CBN Floripa.

A administração da universidade já havia adotado medidas de contenção de gastos em 2025 diante das dificuldades financeiras: cerca de 200 contratos passaram por revisão, além de cortes em diárias e viagens. O mesmo deverá se repetir agora.

Neste ano, a UFSC conseguiu economizar R$ 4,5 milhões com a revisão de contratos e outros R$ 1,8 milhão com a redução de despesas com diárias e passagens.

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A Reitoria informou que a prioridade é manter a atividade acadêmica. No entanto, a formação universitária pressupõe a busca contínua por aperfeiçoamento e produção de conhecimento, e a restrição a viagens para congressos e seminários científicos, evidentemente, prejudica esse processo.

Reitores manifestaram-se, em nota, criticando o texto aprovado pelo Congresso Nacional para o Orçamento da União de 2026. Não há, por outro lado, registro de protestos da militância estudantil no campus da UFSC.

Incoerência e populismo

De um lado, há prédios inacabados na UFSC e falta de recursos até para pagar contas básicas de água e luz. Persistem problemas como a precariedade da moradia estudantil, a necessidade de reformas e de manutenção predial. De outro, o governo Lula 3 anunciou a criação de 100 novos institutos federais pelo país.

Os institutos já existentes — inclusive vários em Santa Catarina — enfrentam dificuldades para custear despesas básicas e manter suas estruturas. Ainda assim, o governo insiste em ampliar a rede, numa lógica em que vale mais inaugurar prédios e colocar nomes em placas do que garantir recursos para pagar a conta de energia. Trata-se de uma marca clara de populismo e irresponsabilidade fiscal.

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