Descoberto em julho de 2025, o cometa interestelar 3I/Atlas segue despertando a curiosidade da comunidade científica. O fato mais recente foi a primeira detecção de um sinal de rádio emitido pelo visitante. Mas o que isso significa?

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O sinal de rádio vindo do cometa 3I/Atlas foi recebido no dia 24 de outubro e divulgado no último final de semana. O código foi captado pelo radiotelescópio MeerKAT, instalado na África do Sul. Astrônomos registraram linhas de absorção de rádio provenientes de radicais de hidroxila, substância derivada da sublimação do gelo, com frequências de 1,665 GHz e 1,667 GHz.

Foi a primeira vez que os cientistas conseguiram captar sinais de rádio de um objeto interestelar – lembrando que o 3I/Atlas é apenas o terceiro desse tipo já monitorado.

A descoberta de ondas de rádio em corpos celestes pode causar estranheza, mas é um procedimento normal para a astronomia, e os dados recebidos do cometa 3I/Atlas são muito próximos aos esperados pelos cientistas. Essa foi a segunda tentativa de captar sinais de rádio do cometa interestelar. Antes, entre os dias 20 e 28 de setembro, os astrônomos tentaram receber as frequências, porém sem sucesso.

O que significa captar sinais de rádio dos astros no espaço?

Prática conhecida como radioastronomia, captar sinais de rádio de astros e outros objetos no espaço significa “ouvir” algumas características do Universo através de ondas eletromagnéticas. A maioria dos corpos celestes, como os cometas, emitem essas ondas naturalmente, que são codificadas e traduzidas para que possam ser devidamente interpretadas.

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Essas ondas permitem que os cientistas observem e estudem fenômenos cósmicos imperceptíveis aos telescópios, projetados para captar apenas luz. As informações obtidas através dos sinais de rádio ajudam os astrônomos a organizar a compreender informações de campos magnéticos, monitoramento do clima espacial e até mesmo a origem do Universo e formação dos sistemas estelares, galáxias e planetas.

No caso do 3I/Atlas, os sinais de rádio captados confirmam a presença de gelo no núcleo do cometa, que indica origem de uma região extremamente fria da Via Láctea. Com a passagem perto do Sol, parte desse gelo entrou em sublimação (quando passa diretamente do estado sólido para o gasoso), fato que explica, entre outras coisas, a mudança na coloração do cometa – apareceu em tons azulados após o periélio.

Novos sinais de rádio do 3I/Atlas em 2026

Os cientistas já se preparam para captar novos sinais de rádio do 3I/Atlas. Em março de 2026, o cometa interestelar vai se aproximar do planeta Júpiter – cerca de 50 milhões de quilômetros.

Nessa aproximação, a sonda Juno, da NASA, vai tentar interceptar ondas de rádios esperadas entre 50 e 40 MHz. Caso tenham sucesso, os cientistas vão poder compreender ainda mais as características e o comportamento do cometa 3I/Atlas.

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Teorias conspiratórias

A informação de que o cometa 3I/Atlas emitiu sinais de rádio reascendeu algumas teorias conspiratórias sobre a origem do visitante interestelar. Diversas publicações na internet levantam a possibilidade do corpo celeste, na verdade, ser uma nave alienígena – teoria já desmentida pelos cientistas.

Mas, como vimos, os astros emitem ondas eletromagnéticas naturalmente, que se originam de diversas atividades, como a sublimação do gelo do núcleo, que foi o caso do 3I/Atlas.

Portanto, os sinais de rádio captados reforçam algumas questões que os astrônomos já defendiam sobre a composição química incomum do 3I/Atlas, e também ajudam a refutar as teorias conspiratórias que envolvem o terceiro visitante interestelar que já identificamos.