A quarta-feira (1º) terá eleições para definir os presidentes da Assembleia Legislativa de Santa Catarina (Alesc), da Câmara dos Deputados e do Senado Federal sob expectativas diferentes. No primeiro dos casos, já é dada como certa a escolha do deputado Mauro de Nadal (MDB). Já em Brasília, apesar de algum favoritismo para os dois postos em disputa, há ao menos a possibilidade de surpresas e traições. Isso ocorre por conta de um fator fundamental em cada um dos pleitos: o modelo do voto.

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Entre os deputados estaduais catarinenses, a escolha é aberta e nominal, tendo de ser anunciada no microfone do Plenário da Alesc por cada um. Já nas casas legislativas federais, o voto de cada parlamentar é secreto, sendo depositado em urnas eletrônicas dispostas no Congresso na ocasião.

— O voto secreto é sempre passível de golpes e traições — resume o pesquisador em ciência política e professor da Universidade do Vale do Itajaí (Univali) Eduardo Guerini, que defende a escolha aberta.

— O voto secreto induz ao descumprimento de acordos prévios de bancadas e lideranças, à interferência do Executivo na escolha do presidente do Legislativo e às traições, o que denota uma falta de compromisso do parlamentar com o seu eleitorado, por não prestar contas da sua atuação — explica.

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As eleições na Alesc e no Congresso ainda guardam semelhanças entre si: nas três casas legislativas, a presidência é renovada a cada dois anos e com votação que exige uma maioria absoluta ao eleito.

Mesmo assim, Santa Catarina já exibe um histórico próprio de ao menos 18 anos sem grandes surpresas, em que o novo chefe da Alesc e a mesa diretora são definidos por um acordão prévio.

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Para isso, é necessário o apoio de ao menos 21 de 40 deputados, mas a margem tem sido sempre mais larga. Na eleição anterior, em 2021, Mauro de Nadal foi eleito por unanimidade, em disputa de candidatura única e protocolada com a assinatura dos líderes dos 12 partidos com representação na Alesc. Já naquela altura, ficou ainda definido um mandato dividido, em que Moacir Sopelsa (MDB) assumiria o posto a partir de 2022, estratégia adotada em ocasiões anteriores para viabilizar o acordão.

— As maiores bancas tendem a ficar com a presidência e os cargos mais importantes da mesa e das comissões. No caso de Santa Catarina, há uma tradição de acordos mesmo entre partidos opositores no campo ideológico para que se chegue a uma composição de consenso — diz Guerini.

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Em Brasília, por sua vez, há hoje grande favoritismo de reeleição do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), em disputa com Chico Alencar (PSOL-RJ), que tenta marcar posição ideológica com a ida ao pleito. São necessários os votos favoráveis de 257 dos 513 deputados federais.

Já no Senado Federal, Rodrigo Pacheco (PSD-MG) surgiu com maior chance de ser reconduzido ao cargo, mas vê crescer a ameaça de votos silenciosos em seu principal concorrente, o ex-ministro bolsonarista Rogério Marinho (PL-RN). Os três senadores de Santa Catarina — Jorge Seif (PL), Esperidião Amin (PP) e Ivete da Silveira (MDB), suplente do governador Jorginho Mello (PL) — já indicaram voto nele. Eduardo Girão (Podemos-CE) também corre por fora na disputa, mas ainda pode apoiar Marinho.

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A eleição imediatamente anterior à de Pacheco, que levou Davi Alcolumbre (União Brasil-AP) à presidência do Senado, foi marcada também por surpresa no resultado e apoios silenciosos, além de ter sido precedida por uma grande discussão justamente sobre o modelo de voto.

Na ocasião, o franco favorito ao cargo era Renan Calheiros (MDB-AL). O grupo de Alcolumbre, azarão até então, passou a articular para que a votação tivesse voto aberto, para se aproveitar do receio de alguns parlamentares em assumirem a escolha pelo adversário, que enfrentava forte resistência pública à época.

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Em sessão conturbada e conduzida por Alcolumbre, o Senado chegou a mudar a votação para o modelo aberto, mas a decisão acabou derrubada na sequência pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Desgastado com a disputa, Renan retirou a candidatura e deixou o caminho aberto para o adversário amapaense.

Quando apurada a votação secreta, foi, enfim, confirmada a surpreendente eleição de Alcolumbre, com votos de 42 dos 81 senadores, um a mais do que o necessário para configurar maioria absoluta. Lideranças bolsonaristas acreditam agora que possa haver uma nova surpresa, favorável a Marinho.

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