A agricultura de Santa Catarina acumula um déficit de mais de 800 mil toneladas na armazenagem de grãos em 2025. A diferença é resultado de um ritmo menor na expansão da estrutura de armazenamento no Estado, que avançou 5,1% nos últimos cinco anos, enquanto a produção total de grãos em SC cresceu 19% no mesmo período, somando produtos como arroz, feijão, milho e soja. Os dados são do Boletim Agropecuário de junho divulgado nesta terça-feira (17) pela Epagri/Cepa.
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Segundo o órgão do Estado, a produtividade de grãos de SC chegou a 7,38 milhões de toneladas, considerada recorde, mas a capacidade comercial fica limitada à estrutura de armazenamento existente. Uma das situações que acendem um sinal de alerta ao Estado é o caso do milho, grão essencial para a produção de animais. Embora o cultivo tenha registrado ganhos expressivos nas lavouras, o armazenamento não tem acompanhado o ritmo de produção, obrigando cooperativas a adotarem soluções emergenciais, como silos bolsa, modelo alternativo de armazenagem.
Apesar disso, a alternativa tem custo alto e não permite armazenamento por muito tempo. As altas taxas de juros são consideradas impeditivos para novos investimentos em infraestrutura fixa de armazenamento. “A deficiência na capacidade de armazenamento impacta diretamente a comercialização dos grãos, como não temos armazenagem suficiente, precisamos ir para o mercado e comercializar esse produto antecipadamente que em muitos casos ocorre em momentos desfavoráveis de mercado, reduzindo a rentabilidade da produção”, observa o 2º vice-presidente da cooperativa Cooperalfa, Edilamar Wons.
Por conta disso e de safras recordes registradas em SC nos últimos anos, o Estado estuda caminhos para ampliar continuamente a estrutura de armazenamento de grãos.
Preços do arroz em baixa
O Boletim Agrocuário da Epagri/Cepa também apontou que os preços do arroz estão em queda em SC, resultado do bom desempenho da safra atual. Os preços vêm em baixa desde dezembro do ano passado. Em junho, o preço da saca do grão está cotado em R$ 65,75. A safra atual tem produtividade estimada em 8,7 toneladas por hectare, 9,58% a mais do que o período anterior. O avanço foi atribuído a condições climáticas favoráveis e investimentos em tecnologia no campo.
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Queda também no milho
Outro grão que tem preços pressionados em SC é o milho. O preço médio no Estado caiu 7,8% em maio, na comparação com abril. A tendência se manteve nos primeiros dias de junho. A explicação para a queda dos preços é o avanço da colheita da segunda safra no Brasil e das expectativas de uma produção recorde. Nacionalmente, a safra tem expectativa de aumento de quase 10% em relação ao ano anterior. Em SC, a produção cresceu mais de 25%.
Previsão de queda na safra do trigo
Produtores catarinenses de trigo tiveram uma ligeira alta no valor recebido pelo produto, que teve a saca de 60 quilos estimada em R$ 77,61, valor 0,96% acima do mês anterior. Apesar disso, a previsão para a safra 2025/26 é de que a produção seja 5,86% inferior à anterior, alcançando volume de 406,96 mil toneladas. A aveia do grão, cultivada principalmente para cobertura de solo e alimentação animal, deve ter alta de 2,29%. Já a cevada, que ainda tem produção modesta no Estado, tem colheita estimada em 3,5 mil toneladas, 152,11% a mais do que na safra anterior.
SC mantém terceira posição na produção de leite
Outra atividade em que o Estado teve destaque foi na produção de leite. SC captou 790,7 milhões de litros de leite cru inspecionado nos primeiros três meses de 2025, alta de 0,8% em relação ao mesmo período de 2025. Com esse volume, o Estado manteve 12% de participação na produção nacional e seguiu como terceiro maior captador de leite do país. Nas exportações, em maio, o Estado teve 200% de aumento em relação a abril, o que ajudou a reduzir o déficit da balança comercial do setor.
O Boletim Agropecuário é uma publicação mensal do Centro de Socioeconomia e Planejamento Agrícola (Epagri/Cepa). A íntegra do documento está disponível no site do Observatório Agro Catarinense, da Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina (Epagri) e da Secretaria de Estado da Agricultura e Pecuária.
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Correção: a reportagem apresentou dados antigos da produção agrícola de SC até as 16h50min desta quarta-feira (18). A matéria foi corrigida e atualizada.
*Sob supervisão de Leandro Ferreira
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