Desde o momento em que a tornozeleira eletrônica utilizada pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) foi violada, na madrugada de sábado (22), três diferentes versões para o ocorrido foram apresentadas de forma oficial. O equipamento era utilizado como medida cautelar em uma investigação de tentativa de coação no processo da trama golpista, e Bolsonaro foi preso preventivamente por conta da violação com base no risco de fuga.
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As mudanças de versão representam uma dificuldade para a defesa do ex-presidente, de acordo com fontes ouvidas pelo comentarista da GloboNews, Octavio Guedes. Até o momento, as três versões para a violação da tornozeleira eletrônica registradas em documentos oficiais foram:
- bateu na escada;
- tentou abrir por curiosidade;
- tentou abrir porque teve um surto.
O ex-presidente Jair Bolsonaro admitiu ter tentado romper a tornozeleira eletrônica que usava desde julho como medida cautelar em uma investigação de tentativa de coação no processo da trama golpista. Bolsonaro não se tornou réu nesta ação, mas foi condenado a 27 anos e três meses de prisão na investigação que apurou a tentativa de golpe após as eleições de 2022.
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Batida na escada
O alerta que indicou que a tornozeleira eletrônica de Jair Bolsonaro havia sido violada disparou à 0h07 do dia 22 de novembro. O Centro Integrado de Monitoração Eletrônica (CIME), órgão do governo do Distrito Federal, foi acionado, e a equipe de escolta que estava na frente da casa do ex-presidente foi até o local, assim como a diretora do centro de monitoramento, Rita Gaio.
Em menos de 10 minutos os policiais penais estavam com Bolsonaro e receberam uma primeira versão do ocorrido, de que Bolsonaro teria batido o aparelho na escada. Essa informação foi a repassada no relatório entregue pelo CIME.
Violação com solda
Segundo informações do comentarista da GloboNews Octavio Guedes, o ex-presidente deu uma nova versão sobre o ocorrido entre 0h40 e 0h50. Ele admitiu que tentou violar o equipamento com um ferro de solda.
Nas palavras do próprio Bolsonaro, a motivação para a atitude teria sido “curiosidade”. Em um vídeo gravado pela diretora do centro de monitoramento, Rita Gaio, ele admite que utilizou um ferro de soldar, mas nega ter rompido a pulseira. Confira o diálogo abaixo:
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- Diretora: Equipamento 85916-5. O senhor usou alguma coisa pra queimar?
- Jair Bolsonaro: Meti um ferro quente aqui.
- Diretora: Ferro quente?
- Bolsonaro: Curiosidade.
- Diretora: Que ferro foi? Ferro de passar?
- Bolsonaro: Não. Ferro de soldar, solda.
- Diretora: Ferro de soldar? Aquele que tem uma ponta?
- Bolsonaro: Sim.
- Diretora: Tá ok. O senhor tentar puxar a pulseira, também?
- Bolsonaro: Não, não não, isso não. Não rompi a pulseira não.
- Diretora: Pulseira aparentemente intacta, mas o case violado. Que horas o senhor começou a fazer isso, senhor Jair?
- Bolsonaro: Já no final da tarde.
- Diretora: Final da tarde? Tá certo. Essa tampa chegou a soltar, não?
- Bolsonaro: Não. Tudo em paz, tudo na paz aqui.
Surto com medicamentos
Já na audiência de custódia, no domingo (23), e com a presença de advogado, uma terceira versão dos fatos foi apresentada. Bolsonaro disse que a tentativa de violar a tornozeleira eletrônica foi em razão de um “surto”, causado por medicamentos.
Ele citou pregabalina e sertralina, usados para tratamentos psiquiátricos, especialmente em casos de ansiedade e depressão. Ainda, afirmou problemas para dormir, e relatou que decidiu mexer na tornozeleira com um ferro de soldar porque tem curso de operação desse tipo de equipamento.
Perícia aponta uso de calor
A perícia realizada pela Polícia Federal concluiu que uma “fonte de calor” foi utilizada na tentativa de abrir a tornozeleira eletrônica. O laudo ainda está sob sigilo e identificou presença de ferro na área queimada do equipamento, além de ter confirmado os danos provocados pela ação.
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Uma “ferramenta pontiaguda de ferro, ou aço, com calor contínuo, sendo compatíveis com ferro de soldar” teria sido utilizada na ação, de acordo com o documento. As informações confirmam o relatório da Secretaria de Administração Penitenciária do Distrito Federal (Seape-DF).
Um segundo laudo está sendo feito para checar possíveis danos no circuito eletrônico e também identificar qual sensor foi acionado durante o aquecimento. Esse material deve demorar mais tempo para ficar pronto, e será feito pela área de perícias em eletrônicos.
*Com informações do g1 e CNN Brasil










