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23 Motivos Para Não Se Apaixonar, da Editora Planeta, se tornou o livro mais vendido da Amazon em apenas um dia de pré-venda
A atriz e youtuber Gabie Fernandes, que tem mais de 3 milhões de seguidores no canal Depois das Onze, acaba de lançar um novo projeto, o livro “23 Motivos Para Não se Apaixonar”. Aos 25 anos, Gabie reuniu crônicas escritas desde os 14 anos para trazer reflexões e desmistificar o amor.
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Nascida em Florianópolis, Gabie construiu um público fiel no Youtube ao lado da também catarinense Thalita Meneghim. No Instagram são mais de um mihão de seguidores. O livro com ilustrações do artista plástico Nestor Jr, que se tornou o mais vendido da Amazon em apenas um dia de pré-venda, foi pensando para esse público que já a acompanha e que compartilha tristezas e desilusões com o amor, mas principalmente como uma forma de libertação de sentimentos da própria autora.
Em entrevista, a atriz conta um pouco mais sobre o livro, seu processo de autoconhecimento e seus planos para o futuro. Confira:
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O livro traz bastante experiência que eu vivi, bastante coisa que eu passei, mas também traz uma visão que eu construí sobre relacionamentos que me cercavam, mas não eram necessariamente meus… relacionamentos dos meus familiares, de amigos. Juntei as minhas vivências com as vivências de relacionamentos à minha volta para construir o livro.
Acredito que sim! Acho que quando surgiu a pandemia, e principalmente por causa dela, as pessoas se viram muito sozinhas e tendo que lidar e conviver com elas mesmas... o que nem sempre é fácil, né. Quando a gente está cheio de coisa para fazer, trabalhando, cumprindo a rotina, encontrando pessoas, meio que acabamos esquecendo do que se passa na nossa cabeça, temos pouco tempo para nos preocupar com o que sentimos, o que pensamos. E agora, com esse tempo que nos obrigou a ficar sozinhos, a gente começou a encarar os nossos medos, as nossas angústias, as nossas lutas internas… e aí as crises existenciais ganharam também um espaço para serem trabalhadas e entendidas. Até por conta disso, acho que cada vez mais as pessoas querem saber lidar com elas mesmas.
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Também! Eu também pensei na galera aqui que me segue e segue comigo, porque eu recebo muita mensagem das pessoas falando que estão decepcionadas com o amor, que estão tristes, sofrendo por isso... mas o livro em si é muito um desabafo pessoal, um sentimento que estava dentro de mim há muito tempo e eu precisava colocar para fora. Falar sobre amor de um jeito saudável, para mim, é uma necessidade, uma das minhas missões, e é um discurso que eu acredito e quero levar para minha vida. Então o livro foi feito, também, para as pessoas que me acompanham, mas é muito mais um trabalho para eu colocar para fora, dividir o que penso.
Eu sempre escrevi muito, desde muito nova, e sempre tive vários textos guardados, que nunca pensei que fossem virar alguma coisa ou que seriam lidos por outra pessoa. Até que enviei um desses textos para o Ricardo Coiro, um autor que admiro muito, e ele gostou e mostrou para o pessoal da Editora Planeta. Eles conversaram comigo e perguntaram sobre o que eu queria escrever, qual temática teria um livro escrito por mim... então eu fui visitar todos os meus textos antigos e percebi que muitos eram sobre amor, relacionamentos, e tive esse insight: é sobre isso! Junto com isso, também teve um acontecimento na minha vida em que eu percebi, de fato, que falar de amor era necessário. Eu comecei a reescrever alguns textos antigos meus, revisitei alguns - um dos capítulos do livro tem um que escrevi aos 14 anos -, e passei a escrever outros também, agora com outra cabeça, e com a postura de alguém que já passou por outros relacionamentos, que já terminou, já voltou, já amou, já sofreu…
Realmente é uma busca constante na minha vida. Esse processo não é linear, pelo menos para mim. Tenho altos e baixos, tem dias que eu estou muito bem comigo mesma, tem dias que eu estou mais triste, para baixo. Passando a me conhecer melhor, eu tento aproveitar muito os dias bons, porque eles que me dão forças para passar pelos dias ruins.
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Quando se trata de amor próprio, autoconhecimento, não adianta a opinião dos outros sobre você... não adianta você ouvir mil vezes que você é bonita, inteligente, engraçada... Você precisa acreditar em si, para que quando pessoas falarem contrário, você siga fortalecida para não se abalar, e rebater. Esse processo de fortalecimento acontece nos dias bons, e me ajuda a passar melhor pelos dias ruins.
A Gabie de 10 anos atrás tinha zero autoestima, não gostava muito dela mesma, estava passando por várias crises… para o futuro, ela acreditava que teria uma profissão só, que trabalharia e que faria isso nesta vida. Hoje eu percebo que gosto de fazer muitas coisas diferentes, que sempre vou fazer muitas coisas diferentes, novas, que eu não vou me contentar com somente uma coisa. Também percebo que eu, hoje, me amo cada dia mais. Espero que daqui a 10 anos, eu me surpreenda positivamente comigo mesma, assim como eu me surpreendo agora ao ver o quão longe eu fui em tantos aspectos, comparada a quando tinha 14 anos. Espero que esteja fazendo que eu amo, independente do que for… se for escrever, atuar, dirigir ou sei lá… plantar árvores! Espero que eu seja muito feliz fazendo o que estiver fazendo, que eu consiga constituir minha família, ajudar as pessoas que eu amo, concretizar os meus sonhos. Espero que a Gabie daqui a 10 anos seja muito orgulhosa dela mesma.
Eu acho que cada vez mais, as pessoas encontram na internet um lugar de conhecimento, tanto para o bem quanto para o mal. No meu caso, eu tento levar no meu discurso para as mulheres, aquilo que elas não receberam de alguma maneira.
No meu podcast, por exemplo, eu falo sobre autoestima, síndrome de impostora, felicidade… questões que às vezes a gente não ouve de quem a gente precisa, de quem está perto da gente. Eu sinto que as minhas vivências quando eu tive depressão e anorexia, poderiam ter sido amenizadas, mais gentis, se eu tivesse ouvido conselhos e conversado com alguém da minha idade, alguém que fala da mesma maneira que eu.
Eu tenho e aceito essa responsabilidade de construir na internet um lugar de mais carinho, de cuidado, para meninas e mulheres que me seguem. O caminho que eu escolhi seguir nesse espaço é falar para jovens mulheres aquilo que eu gostaria de ter escutado antes, até para nos fortalecermos entre nós.
É muito complicado falar que as mulheres aceitam o lugar de inferioridade.
Eu acho que, de alguma maneira, essas discussões sobre amor próprio e autoestima podem sim ajudar uma mulher em situações de relacionamento abusivo, mas muitas vezes não é uma questão de aceitação. Tem vários motivos mais complexos, e até mesmo a falta de autoestima, quando existe, é mais complexa nos casos em que uma mulher não consegue sair de um relacionamento abusivo.
Nesses casos, o que a gente tem que fazer não é só discutir e apresentar essas ideias, mas olhar para essas mulheres, dar voz e apoio quando elas estão enfraquecidas e não podem fazer isso por elas mesmas. Denunciar é muito importante, se meter tomando medidas legais que a vítima não tem condições de ir atrás, também. É necessário que além da discussão, façamos uma rede de apoio para que essas mulheres saibam que serão acolhidas, terão casa, carinho, voz, e quem brigue por justiça por elas...
Acho que não se perde nada quando você tem autoestima e autoconhecimento, só se tem a ganhar, mas às vezes não é o suficiente, e fica complicado assumir que as mulheres nessa situação aceitam sem ser inferiores.
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