Balneário Camboriú anunciou no começo deste mês que atingiu 100% da cidade com rede de esgoto instalada. É o primeiro município a alcançar esse percentual no Vale do Itajaí e o segundo em Santa Catarina, conforme dados do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento. A notícia foi divulgada em 4 de julho, data da primeira reunião da CPI na Câmara de Vereadores criada para apurar falhas na prestação do serviço e o consequente reflexo na qualidade da água da Praia Central.
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A cidade chegou aos 100% de rede de esgoto instalado com o início das operações nos bairros Estaleiro e Estaleirinho. De acordo com a prefeitura, a Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) existente hoje tem capacidade para tratar todo o material coletado em Balneário Camboriú, e uma nova estação, projetada para atender a demanda pelos próximos 25 anos, está em fase de licitação. O cenário, porém, não é perfeito: a eficiência do tratamento em junho ficou em 61%.
O problema não é recente e provocou muita discussão na última temporada de verão, quando a Praia Central de Balneário Camboriú chegou ficar 100% imprópria para banho, segundo análise do Instituto do Meio Ambiente (IMA). O resultado negativo para uma das cidades mais turísticas do Estado seria reflexo de um problema na manta de impermeabilização que tirou de atividade no fim do 2022 a lagoa de aeração, considerada coração da estação de tratamento de esgoto.
O cenário exigiu a colocação de uma nova manta e a lagoa só voltou a funcionar em janeiro deste ano. A estrutura ainda recebeu novas linhas de aeradores na lagoa e um novo decantador, para aumentar a eficiência do tratamento. A prefeitura diz que as falhas foram superadas e espera, em breve, ultrapassar os 90% de eficiência, deixando o assunto para trás. Vale lembrar que a rede de esgoto começou a ser instalada em Balneário Camboriú em 1980 e o primeiro trecho foi inaugurado cinco anos mais tarde.
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Como era Balneário Camboriú no passado?
Ranking das cidades mais avançadas em rede de esgoto em SC
O Marco do Saneamento estipula que todas as cidades brasileiras devem ter pelo menos 90% do esgoto coletado e tratado até 2033. Atualmente, Santa Catarina é o terceiro pior estado do país nesse quesito, com aproximadamente 30% de cobertura com rede coletiva. Pode parecer que nove anos seja bastante tempo para alcançar o percentual estipulado, mas a realidade quando se observa o tempo que leva para as obras ficarem prontas mostra que não é muito.
Balneário Camboriú, apesar de estar à frente no assunto, levou 44 anos para conseguir cobrir o território inteiro com redes. Isso se tratando de um município relativamente pequeno, com cerca de 145 mil habitantes, e com a maioria vivendo em área urbana, o que facilita a prestação do serviço, segundo o gerente de Saneamento da Secretaria de Estado do Meio Ambiente, Vinícius Constante. Mas em regiões com poucos habitantes e que a geografia é empecilho, o desafio é maior e exige mais investimentos.
A solução, ao que tudo indica, são as chamadas redes individuais, como os sistemas de fossa e filtro. Hoje estima-se que ele está presente em pouco mais de 30% do território catarinense, mas como não se tem controle da frequência de manutenção, ainda não podem ser considerados no total de cobertura de rede de esgoto do Estado. Blumenau estuda usar esse método em regiões como a Vila Itoupava, onde a extensão territorial e a quantidade de moradores não justifica o alto investimento com rede coletiva.
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Se fosse possível somar os dois tipos de rede, Santa Catarina teria na casa dos 60% de cobertura de esgoto e longos 30% para avançar em menos de uma década.
São Ludgero, no Sul, foi a primeira cidade de SC a ter 100% de cobertura e tratamento de esgoto. Fez isso unindo redes coletivas e individuais. O modelo serve de exemplo atualmente para outras cidades. Isso porque ter a totalidade dos territórios com rede não significa ter alcançado o marco de saneamento. É preciso tratar com eficiência tudo o que chega as estações. Esse é o desafio até mesmo das cidades com maior percentual de redes instaladas.
Confira o ranking dos 10 municípios com os maiores percentuais de rede instalada, conforme dados do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento, de dezembro de 2023.
Top 10 do saneamento em SC
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