Uma garrafa de bebida falsificada, que custou R$ 5,50, pode ter causado a intoxicação por metanol em um idoso de 71 anos, indica investigação. O homem está internado em Curitiba, no Paraná, em estado grave.

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Conforme informações do g1, a suspeita de que o idoso pudesse ter consumido alguma bebida adulterada surgiu após uma nota fiscal ter sido encontrada no bolso dele. O documento indicava que ele havia comprado bebida destilada em um bar da capital paranaense.

No último sábado (4), equipes da Vigilância Sanitária e Polícia Civil foram até o local indicado pela nota fiscal para fazer uma vistoria. A coordenadora da Vigilância Sanitária de Curitiba, Lúcia Nogas Milani, informou ao g1 que foram encontrados indícios de adulteração nas bebidas.

— A gente verifica através de rótulos. Tinham rótulos diferentes do mesmo produto, níveis diferentes de enchimento do produto, um lacre com uma certa alteração, então foram alguns sinais que levaram a também pensar que esse produto poderia estar adulterado — informou.

Durante a fiscalização, os produtos foram apreendidos e, agora, devem passar por perícias. 

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Paciente pode ter misturado álcool combustível em bebida

A Secretaria de Estado da Saúde do Paraná (Sesa) e a Secretaria da Segurança Pública do Paraná (Sesp) intensificaram as ações conjuntas de rastreamento da origem das bebidas e de orientação à população. A Polícia Civil do Paraná (PCPR) está investigando todos os casos registrados no Estado, em parceria com a Polícia Científica.

Em Curitiba, as equipes também realizaram uma vistoria no local onde um paciente de 60 anos teria adquirido a bebida. Foram apreendidas garrafas suspeitas, que estão sendo analisadas pela Polícia Científica. Até o momento, a principal linha de investigação aponta que o próprio paciente possa ter misturado álcool combustível (etanol automotivo) à bebida que consumiu, o que teria provocado a intoxicação.

Não há indícios de circulação de bebidas adulteradas no comércio, mas a PCPR segue apurando todas as possibilidades e eventuais pontos de venda irregulares.

Sintomas e sinais de alerta

Segundo a Sesa, não é possível identificar o metanol na bebida apenas pelo cheiro ou sabor, pois ele não altera significativamente as características sensoriais. Os principais sintomas devido à intoxicação por metanol podem aparecer entre 12h e 24 horas após a ingestão da substância. Neste momento em que há uma alta nas notificações, é importante redobrar a atenção porque os sinais se associam aos de uma ressaca comum: dor abdominal, visão adulterada, confusão mental e náusea.

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Sintomas iniciais, entre 6 a 24 horas após a ingestão

  • Dor de cabeça (cefaleia);
  • Náuseas e vômitos;
  • Sonolência e falta de coordenação (semelhante a uma forte embriaguez ou ressaca grave);
  • Tontura e confusão mental.

Sintomas graves e tardios, após 24 horas do consumo

  • Dor abdominal intensa: um sinal de alerta de emergência;
  • Alterações visuais: visão turva, fotofobia (sensibilidade à luz), visão embaçada, percepção de “campo nevado” ou pontos escuros e, em casos graves, cegueira repentina em ambos os olhos;
  • Dificuldade respiratória e hiperventilação;
  • Convulsões e coma.

Casos de intoxicação por metanol no Paraná

Até a manhã desta segunda-feira (6), a Secretaria de Estado da Saúde do Paraná (Sesa) do Paraná havia registrado dois casos confirmados dessa intoxicação, ambos em pacientes residentes de Curitiba, dois homens de 60 e 71 anos, que seguem internados em hospitais da capital.

Outros quatro casos permanecem em investigação: um homem de 36 anos, de Curitiba; uma mulher de 31 anos, de Foz do Iguaçu; um homem de 19 anos, de Cruzeiro do Oeste; e um homem de 37 anos, de Maringá.

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A mulher de Foz do Iguaçu já teve alta hospitalar. Todos os outros pacientes estão internados em hospitais de seus respectivos municípios, com exceção do caso de Cruzeiro do Oeste, que está internado em Umuarama. As amostras biológicas foram coletadas e seguem em análise laboratorial para confirmação ou descarte da suspeita. Os exames estão sendo realizados pela Polícia Científica do Paraná, a partir de solicitação da Sesa, conforme protocolo estabelecido no Estado.

— O Paraná está vigilante. Nossas equipes técnicas realizam o monitoramento de todos os casos suspeitos e confirmados, juntamente com os municípios, possibilitando um atendimento rápido, digno e de qualidade para todos os cidadãos — afirmou o secretário de Estado da Saúde, Beto Preto.

Antídoto foi recebido pelo Estado

Neste fim de semana, o Ministério da Saúde enviou ao Paraná 160 ampolas do antídoto utilizado no tratamento de intoxicações por metanol, que consiste em etanol farmacêutico. O produto é encaminhado diretamente ao hospital que está atendendo o caso notificado pelo Estado ao Centro de Informações Estratégicas em Vigilância em Saúde (CIEVS) nacional.

Cada caso é avaliado individualmente, com base em critérios clínicos e laboratoriais, para definir a quantidade necessária de antídoto. O protocolo prevê uma dose inicial, chamada de “dose de ataque”, calculada conforme o peso do paciente, e uma dose de manutenção, que pode se estender de algumas horas até 24 horas.

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Em situações graves, por exemplo, um paciente de 100 quilos com necessidade de manutenção por 24 horas pode requerer até 100 ampolas em um único tratamento. Por esse motivo, não é possível determinar previamente a quantidade exata de antídoto utilizada em cada caso, já que o cálculo depende de parâmetros clínicos, laboratoriais e da resposta individual do paciente.

Dois pacientes do Paraná já receberam o antídoto, utilizando integralmente o quantitativo enviado pelo Ministério da Saúde. O Estado aguarda um novo envio do medicamento por parte do governo federal.

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