A prisão domiciliar do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) completa 100 dias na terça-feira (11) marcada por um período de visitas de políticos catarinenses, brigas internas no bolsonarismo por conta da vaga do filho Carlos Bolsonaro na corrida ao Senado por SC e temor do destino com possível cumprimento de pena em um presídio.
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Nos pouco mais de três meses em que o ex-presidente está preso em casa, em um condomínio de alto padrão no bairro Jardim Botânico, em Brasília (DF), ele recebeu a visita de três lideranças catarinenses, todas autorizadas pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). A deputada federal e pré-candidata ao Senado, Carol de Toni (PL), o senador e aliado Esperidião Amin (PP) e o governador Jorginho Mello (PL) visitaram o ex-presidente, entre o final de setembro e início de outubro. A deputada federal Júlia Zanatta (PL) também teve visita autorizada por Moraes nos dias seguintes ao início da prisão domiciliar, mas a parlamentar não pôde participar da visita, conforme informou em uma polêmica live na semana passada com a deputada estadual catarinense Ana Campagnolo (PL).
Entenda a crise no bolsonarismo de SC em 12 fotos
Na pauta das visitas catarinenses a Bolsonaro esteve a formação da chapa do PL para a disputa do Senado nas eleições de 2026. Os visitantes têm ligação direta com o caso, que se tornou uma crise nacional no bolsonarismo. Carol de Toni deixou a casa do ex-presidente afirmando ter ouvido que terá o apoio dele caso decida concorrer ao Senado. Esperidião Amin não deu detalhes da conversa na visita. Já o governador Jorginho Mello ratificou o acordo para que Bolsonaro indique um nome da chapa para o Senado e Jorginho, o outro.
A composição torna favoritos para as candidaturas o vereador do Rio de Janeiro, Carlos Bolsonaro, indicado pelo pai, e o senador Esperidião Amin, preferência de Jorginho para facilitar a coligação em que buscará a reeleição ao governo de SC. A construção deixa de fora a deputada Carol de Toni, que tem recebido a apoio de prefeitos e lideranças catarinenses, além da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro. O assunto tem esquentado a política catarinense nas últimas semanas. A deputada Ana Campagnolo, que saiu em defesa de Carol de Toni e afirmou que a intenção de lançar Carlos Bolsonaro como candidato em SC poderia enfraquecer o partido, foi criticada publicamente por Carlos e Eduardo Bolsonaro com mensagens em redes sociais e afirma estar sendo alvo de ataques de bolsonaristas.
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Além dos catarinenses, Bolsonaro também recebeu visitas de aliados como o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), do presidente nacional do PL, Valdemar Costa Neto, e do ex-presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL).
Problemas de saúde e anistia fora da pauta
O ex-presidente também enfrentou problemas de saúde, como crises de soluço e vômito relatadas por visitantes, que exigiram a visita de médicos. Pouco mais de um mês após a prisão domiciliar, ele chegou a ir até um hospital do Distrito Federal para fazer exames e passar por procedimentos médicos. Familiares e grupos de oração também tiveram visitas autorizadas pela Justiça e participaram da rotina do ex-presidente durante os primeiros 100 dias de prisão domiciliar. Bolsonaro ainda participou de uma festa de 15 anos da filha Laura, que teve visitas de convidados autorizadas pelo STF.
No campo político, Bolsonaro viu esfriar as articulações em torno do projeto da anistia. A proposta, transformada em um projeto de lei de “dosimetria” defendido pelo ex-presidente Michel Temer, que apenas reduziria as penas dos crimes pelos quais os acusados da tentativa de golpe foram condenados, não voltou a ser discutida no Congresso, que teve a pauta ocupada por outros assuntos como a isenção de Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil, bandeira eleitoral do governo Lula, e o Projeto Antifacção, acelerado após a megaoperação contra o crime organizado que deixou 121 mortos no Rio de Janeiro. Atualmente, o texto do PL da Dosimetria está parado no Congresso, mesmo tendo regime de urgência aprovado.
Queixa de “perseguição” e definição sobre pena
Apesar do enfraquecimento da pauta, os filhos do ex-presidente e aliados seguem com o discurso de que a condenação ao ex-presidente teria ocorrido por “perseguição política”. O senador e filho do ex-presidente, Flávio Bolsonaro, publicou nas redes sociais que o pai está “preso e censurado sem acusação ou sentença”.
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Em meio a esse cenário, Bolsonaro aguarda a definição sobre o local em que poderá cumprir a pena de 27 anos e 3 meses de prisão a que foi condenado por tentativa de golpe e outros quatro crimes relacionados, em condenação definida em julgamento concluído em 11 de setembro. O presídio da Papuda, no Distrito Federal, e o 19º Batalhão da Polícia Militar do Distrito Federal, conhecido como “Papudinha”, são algumas das possibilidades, mas aliados defendem que, em razão do quadro de saúde de Bolsonaro, ele deveria permanecer com o direito à prisão domiciliar. A definição do ministro relator do caso no STF, Alexandre de Moraes, é esperada para as próximas semanas.













