Jair Bolsonaro (PL) recebeu aliados, fez orações e almoçou o tradicional feijão preparado por Michelle Bolsonaro na última segunda-feira (1º) véspera do julgamento no Supremo Tribunal Federal (STF), que acontece nesta terça-feira (2). As informações são do jornal O Globo.

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De manhã, Bolsonaro se reuniu em oração com a esposa, como vem fazendo desde que foi colocado em prisão domiciliar. A prática ganhou a presença da senadora e ex-ministra Damares Alves (Republicanos-DF). Na oração, eles pediram por saúde, já que o presidente vive com um quadro gástrico agravado desde a facada de 2018, e a senadora foi diagnosticada com câncer.

— Fui como amiga, como pastora. Ele queria muito me ver por causa do câncer, está preocupado comigo — disse Damares ao Globo.

O almoço ficou a cargo de Michelle, que serviu arroz e feijão. Bolsonaro comeu apenas com a esposa e, depois, se dedicou a assistir programas esportivos, um hábito antigo.

À tarde, o ex-presidente recebeu Arthur Lira (PP-AL), ex-presidente da Câmara, com quem conversou sobre a anistia. Ele também autorizou o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), a assumir protagonismo na articulação dentro do Congresso. Lira, por sua vez, prometeu levar o assunto ao sucessor, Hugo Motta (Republicanos-PB), após já ter ensaiado entendimentos com a oposição.

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Com o encerramento das conversas políticas, Michelle fez novas orações, enquanto Bolsonaro se recolheu em expectativa pelo julgamento desta terça-feira (2). Nos corredores da casa, seu entorno passou a repetir a frase que Bolsonaro tem usado com frequência nas últimas semanas:

— Deus está no comando.

A situação atual de Bolsonaro

Bolsonaro não irá ao julgamento

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) não irá comparecer à abertura do julgamento da trama golpista nesta terça-feira. Os advogados alegam que ele não está em boa condição de saúde e, por isso, teria sido desaconselhado a ir ao tribunal. 

Aliados alegam que ele não está bem nem fisicamente, nem psicologicamente. A senadora Damares Alves disse que ele está sereno, mas soluçando muito.

— Ele está soluçando muito, acho que não é viável [a ida dele ao julgamento]. Mas vamos ver, ele está fazendo o que os advogados estão mandando — disse à Folha.

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Como será o julgamento de Bolsonaro

O julgamento de Bolsonaro e outros sete réus do chamado “núcleo crucial” da trama golpista começa na próxima terça-feira (2) e deve se estender por outras cinco datas já reservadas pelo STF: 3, 9, 10 e 12 de setembro.

Os primeiros dias devem ser dedicados à leitura do relatório do ministro Alexandre de Moraes, à sustentação oral do procurador-geral da República, Paulo Gonet, que terá até duas horas para falar, e dos advogados dos oito réus, incluindo a defesa de Bolsonaro, cada um com até uma hora para manifestação.

Depois disso, o ministro Alexandre de Moraes deve apresentar a proposta de voto, em que irá pedir a condenação ou absolvição dos réus. Os demais ministros da Primeira Turma votam na sequência, em ordem de antiguidade no tribunal: Flávio Dino, Luiz Fux, Cármen Lúcia e Cristiano Zanin, que fecha o julgamento por ser presidente da Turma.

Quem são os outros réus

O núcleo que será julgado a partir da próxima semana reúne Bolsonaro e outros sete investigados, todos ex-ministros ou cargos de primeiro escalão do governo do ex-presidente ou das Forças Armadas. Além deste grupo, chamado de “núcleo crucial do golpe”, há ainda outros cinco grupos de investigados, que totalizam 37 réus. Ainda não há data definida para os julgamentos outros núcleos.

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  • Jair Bolsonaro, ex-presidente da República;
  • Alexandre Ramagem, ex-diretor da Agência Brasileira de Investigação (Abin);
  • Almir Garnier, ex-comandante da Marinha;
  • Anderson Torres, ex-ministro da Justiça;
  • Augusto Heleno, ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI);
  • Mauro Cid, ex-ajudante de ordens da Presidência;
  • Paulo Sérgio Nogueira, ex-ministro da Defesa;
  • Walter Braga Netto, ex-ministro da Casa Civil.

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