No dia que pode ser decisivo sobre os próximos anos da indústria automotiva brasileira, a BYD responde aos ataques das montadoras brasileiras por meio de um comunicado.
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A BYD começa dizendo que quatro grandes montadoras (Volks, Toyota, BYD e GM) enviaram uma carta ao presidente da República pedindo que o governo impeça a redução temporária de impostos “para quem ousa oferecer carros melhores por um preço mais justo.”
Com toque de ironia, diz que “a carta [das montadoras] tem o tom dramático de quem acaba de ver um meteoro no céu. O problema não é o meteoro, claro. O problema é que ele está sendo bem recebido pelos consumidores — aqueles mesmos que, por décadas, foram obrigados a pagar caro por tecnologia velha e design preguiçoso.”
O ultimato das montadoras contra a BYD
O comunicado alega que a BYD entrou no mercado brasileiro com preços baixos e impulsionou a eletrificação de veículos para classe média e isso provocou uma reação dos concorrentes tradicionais, que reduziram preços e alegam concorrência desleal. No entanto, a narrativa sobre injustiça é questionada, pois a BYD diz conseguir competir e vencer mesmo com as regras de produção nacional impostas pelo governo, enquanto as montadoras locais não conseguem alcançar o mesmo nível de competitividade.
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Depois, a BYD se refere à Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea): a chinesa diz que a reação da entidade e seus associados às mudanças no mercado automotivo, como a abertura e inovação, é uma estratégia tradicional de ameaças de demissões e fechamento de fábricas para proteger um modelo de negócio ultrapassado e burocrático, que prejudica o consumidor brasileiro.
Enquanto isso, continua a BYD, os consumidores já demonstram preferência por avanços, como expressam comentários nas redes sociais criticando a postura corporativa, entre eles: “Lutar por carro mais barato vocês não lutam, agora querem nosso apoio pra quê?”.
A BYD diz que a proposta de reduzir temporariamente impostos é razoável. Hoje trazer pelo sistema SKD (peças semidesmontadas) e CKD (completamente desmontadas) incide 18% e 20% de imposto de importação A chinesa pleiteia 5% para elétricos e 10% para híbridos.
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“Não faz sentido aplicar o mesmo nível de tributação sobre veículos 100% prontos trazidos do exterior e sobre veículos que são montados no Brasil, com geração de empregos locais, movimentação da cadeia logística e pagamento de encargos”, argumenta a BYD, referindo-se a outras montadoras que já adotaram a mesma prática antes de ter a produção completa local.
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De acordo com a BYD, em menos de um ano e meio, a primeira etapa das obras da fábrica em Camaçari (BA) está sendo concluída, no mesmo local onde outra montadora tradicional [Ford] havia desistido do Brasil. A fase inicial de montagem segue o cronograma original, enquanto a estrutura completa está sendo finalizada conforme planejado, informa.
Para a chinesa, as concorrentes estão incomodadas com a perda de protagonismo devido à chegada de um novo player que oferece mais por menos. A BYD propõe ao Brasil uma visão de futuro com veículos mais limpos, seguros, conectados e com bom custo-benefício, buscando acelerar a transição do País de forma estratégica, beneficiando tanto a marca quanto o desenvolvimento nacional.
E finaliza: “O presidente deveria ouvir essas cartas – e usá-las como prova de que está no caminho certo. Porque se os dinossauros estão gritando, é sinal de que o meteoro está funcionando.”
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Entenda o caso
Em abril, a BYD solicitou a redução das tarifas de importação de kits para veículos elétricos e híbridos utilizados na sua fábrica na Bahia, com tarifas atualmente elevadas.
Em junho, presidentes de montadoras alertaram o governo sobre os impactos negativos de sistemas importados totalmente desmontados, que geram poucos empregos locais e poderiam levar à revisão de investimentos, cortes e demissões.
A decisão sobre a redução de impostos será discutida hoje no Comitê de Gestão da Câmara de Comércio Exterior, envolvendo vários ministérios.
Por Lucia Camargo Nunes da @viadigitalmotorsoficial
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