A semana será decisiva para o setor automotivo com os desdobramentos do tarifaço de Trump e a possível redução do imposto de importação para veículos SKD e CKD.
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Em entrevista dada ao Estadão, o presidente da Anfavea, Igor Calvet, informou que se o governo federal ceder aos pedidos da BYD para facilitar a importação de kits para montagem de veículos no Brasil, as montadoras vão rever os planos de investimentos no País na ordem de R$ 180 bilhões.
— Isso ser feito em uma semana em que já se sabe que haverá uma confirmação ou não das tarifas dos EUA reforça um pouco mais negativamente. Nós estamos num jogo bastante atribulado. Por um lado, o mercado americano que é muito importante para parte do setor automotivo brasileiro e, também, lidando com essas questões de importação que tanto nos aflige — disse Calvet.
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O presidente da Anfavea expressa preocupação com a possível redução de impostos que favoreceria as importações de automóveis, o que contradiria a política industrial do governo, considerando a atual queda na produção, no mercado nacional e a entrada maciça de veículos importados. Calvet acredita que essa decisão seria prejudicial às montadoras, fabricantes locais, trabalhadores e à indústria de autopeças, sendo contrária às políticas anunciadas pelo governo federal.
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Entenda o caso
Em fevereiro, a BYD solicitou ao governo a redução das tarifas de importação de kits SKD (Semi Knocked Down) e CKD (Completely Knocked Down) de 5% para elétricos e 10% para híbridos, atualmente em 18% e 20%, respectivamente. Esses sistemas serão utilizados na fábrica da BYD em Camaçari, Bahia. Pelo SKD, por exemplo, as peças já vêm montadas em subconjuntos.
Em junho passado, os presidentes de quatro montadoras que atuam no Brasil — Ciro Possobom, da Volkswagen; Evandro Maggio, presidente da Toyota; Emanuele Cappellano, do grupo Stellantis e Santiago Chamorro, da General Motors — enviaram uma carta ao presidente Lula alertando sobre a produção de carros com peças totalmente importadas.
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Segundo eles, o sistema SKD gera poucos empregos no Brasil e qualquer decisão favorável a isso poderia gerar uma revisão os investimentos anunciados e um corte de R$ 60 bilhões. Entre os impactos econômicos, o cancelamento de 10 mil contratações, 5 mil demissões e um efeito potencial de 50 mil empregos na cadeia automotiva.
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Os executivos solicitaram uma política que valorizasse a produção local e proibisse incentivos para importação de veículos desmontados.
A decisão sobre a redução do imposto de importação para SKD e CKD deve ser discutida nesta quarta-feira, 30, durante o Comitê Executivo de Gestão da Câmara de Comércio Exterior (Camex), colegiado representado pelos ministérios da Casa Civil, Fazenda, Planejamento, Relações Exteriores e MDIC.
Por Lucia Camargo Nunes da @viadigitalmotorsoficial
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