Nem mesmo uma dezena de boletins de ocorrência e ao menos três denúncias formalizadas pelo Ministério Público foram suficientes para frear uma cerimonialista de Blumenau suspeita de aplicar golpes em noivos. Sônia Blasius teria falsificado informações de contratos, deixado de pagar fornecedores e entregado serviços aquém do combinado aos clientes, conforme as denúncias. 

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Um dos casos mais recentes foi o de Maria*. Ela conta à reportagem que entrou em contato com Sônia justamente porque a profissional é conhecida na cidade. Nas redes sociais, a mulher mantém um perfil do cerimonial Miranda e no WhatsApp diz atender somente com hora marcada. 

O casal fechou um contrato para a cerimônia marcada para novembro deste ano e, nele, a cerimonialista ficou responsável de repassar os pagamentos aos demais envolvidos, como o fornecedor dos doces e a fotógrafa, por exemplo. Por acaso, a filha de Maria encontrou o confeiteiro que havia sido escolhido e então tomou um susto: ele nem sequer sabia do evento. 

Antes de pedir explicações à cerimonialista, a jovem entrou em contato com a fotógrafa do casamento. Diferente do confeiteiro, a mulher até havia sido contratada, mas a entrada que já tinha sido paga pelos noivos não chegou ao bolso dela. Além da falta do adiantamento, Sônia teria prometido em nome da fotógrafa serviços audiovisuais que a profissional não faz. 

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Revoltado com a situação, o casal expôs as mentiras e pediu o dinheiro de volta, mas não conseguiu. No caso deles, o prejuízo foi de R$ 8 mil. Em outro casamento, o espelho fotográfico prometido não chegou. Em outro, que ainda está para ocorrer, novamente a cerimonialista prometeu levar uma fotógrafa que deixou de fazer parcerias com ela por conta de todo esse histórico. 

— Quero que ela pare de destruir o sonho das pessoas que juntam cada centavo para se casar — deseja uma das vítimas. 

No ano passado, o NSC Total contou a história de outros noivos que tiveram problemas com a cerimonialista. À época, um dos casais teve o casamento conforme o prometido, mas logo depois vieram as cobranças dos fornecedores — que deveriam ter sido pagos por Sônia, já que ela recebeu os valores com a missão de fazer os repasses. 

Na Justiça, diferentes ações indenizatórias tramitam desde 2023 — mesmo ano em que apenas uma delegacia de Blumenau enviou quatro inquéritos ao MP. Os valores variam de R$ 5 mil a quase R$ 40 mil, a depender do dano causado a cada vítima. Na esfera criminal, o Ministério Público informou que três denúncias foram formalizadas. Uma terá audiência de instrução (quando o juiz ouve as partes envolvidas) em agosto deste ano e outras duas em setembro. 

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Um dos delegados que investigou as histórias foi Rodrigo Marchetti. Ele conta que ao ser ouvida, a suspeita alegou dificuldades financeiras e que não pretendia lesar os clientes. Ela teria, inclusive, manifestado a vontade de ressarcir os prejuízos. Na prática, porém, noivos e fornecedores continuam sem retorno e sem previsão de conseguir de volta o que perderam. 

O indiciamento foi por estelionato, ou seja, quando alguém induz outra pessoa ao erro para “obter vantagem ilícita (dinheiro)”. 

Contraponto 

Procurada por ligações e mensagens de texto, a cerimonialista não retornou à reportagem até a publicação desta matéria. O espaço segue aberto.

Veja as fotos de Blumenau da década de 1940

Todas as imagens abaixo fazem parte do acerco do Arquivo Histórico de Blumenau e foram cedidas ao NSC Total. Confira:

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* Envergonhadas com o fato de terem sido enganadas, as vítimas ouvidas pela reportagem pediram para não serem identificadas.  

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