Foi no dia 9 de março de 2015 que a Lei 13.104, conhecida como Lei do Feminicídio, foi sancionada. O texto anexado ao crime de homicídio falava que, a partir daquele momento, todo o assassinato que tinha como cenário a violência doméstica e familiar, e menosprezo ou discriminação à condição de mulher, passaria a ser considerado feminicídio.

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Passada uma década, o cenário ainda é de preocupação. Dados do Sistema Nacional de Informações de Segurança Pública (Sinesp), do Ministério da Justiça, apontam que 11.859 mulheres foram vítimas de feminicídio em todo o Brasil nos últimos 10 anos — no ano passado, foram 1.459 vítimas, o maior número da série histórica. Em Santa Catarina, foram mais de 500 mortes no período — uma média de um assassinato por semana.

São mães, filhas, avós, amigas. Pessoas que tiveram as histórias interrompidas, muitas vezes, por um excesso de raiva do (ex) companheiro ou simplesmente porque decidiram ter coragem de sair de um relacionamento tóxico. Porém, mais do que números, o assassinato dessas mulheres escancara uma sociedade falha e cruel, que ainda vê a mulher como propriedade, e deixa marcas profundas nas famílias que ficam destroçadas após a violência.

— O Brasil ainda é um país muito inseguro para as mulheres — afirma Juliana Brandão, pesquisadora sênior do Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP).

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E é sobre este tema a série de reportagens “Cicatrizes”, que irá ao ar a partir do dia 24 de março no NSC Total e em duas edições da versão impressa do Diário Catarinense (dias 22 e 29 de março). Dividido em quatro partes, o material mostra detalhes dos números de SC e conta histórias de famílias que foram massacradas pela violência doméstica, como a de Camilo Telles que, sete meses depois, tenta buscar no passado uma explicação do que faltou para proteger a filha, Edineia Telles, de 34 anos, morta pelo ex-marido. Ou de Daiane Eliza Machado, que viu a mãe ser assassinada na sua frente pelo padrasto em 2003 — ano em que a Lei do Feminicídio ainda era algo distante. 

A reportagem também detalha como a legislação avançou nos últimos anos e o que ainda falta para que as mulheres se sintam protegidas, sem medo de morrerem por simplesmente serem mulheres, provocando uma reflexão sobre o crime e apontando que, sem educação e mudança de comportamentos, a sociedade vai continuar matando mulheres.

A produção durou cinco meses e foi feita a 12 mãos de mulheres, sendo cinco jornalistas e uma designer. Além do relato de parentes de vítimas, a reportagem também mostra a história de mulheres que se reergueram após episódios violentos e hoje ajudam outras mulheres. Especialistas e o poder público também foram ouvidos com o objetivo de trazer possíveis soluções para diminuir os índices.

Ficha técnica

  • Reportagem: Fernanda Silva, Júlia Venâncio, Kássia Salles e Talita Catie
  • Design: Ciliane Pereira
  • Infografia: Ben Ami Scopinho
  • Fotografia: Lucas Amorelli e Patrick Rodrigues
  • Edição: Luana Amorim
  • Coordenação geral: Raquel Vieira

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