O país comemora nesta quinta-feira (24) o marco de 35 anos em que não há casos de poliomielite. A data faz parte do Dia Mundial de Combate à Poliomielite, doença que deixa sequelas permanentes, mas que pode ser enfrentada com a vacinação em massa. Também chamada de paralisia infantil, trata-se de uma patologia altamente infecciosa e afeta principalmente crianças menores de cinco anos de idade.
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No Brasil, o último registro ocorreu em 1991, na cidade de Sousa, na Paraíba. No entanto, autoridades sanitárias falam sobre a presença do vírus selvagem em dois países, Afeganistão e Paquistão, o que coloca o mundo em alerta, principalmente, devido à globalização.
Reportagem especial conta a história de sobreviventes da Pólio em SC
A Secretaria de Estado da Saúde de Santa Catarina (SES), por meio da Diretoria de Vigilância Epidemiológica (Dive), informou que a cobertura vacinal contra a poliomielite em Santa Catarina, no ano de 2024, para crianças menores de 1 ano de idade, é de 71,59%. A meta recomendada pelo Ministério da Saúde de 95% para esta vacina é para todo o ano de 2024.
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“Não podemos baixar a vigilância”
Para Heloísa Helena Faleiros, da Câmara Técnica Nacional de Erradicação da Poliomielite, trata-se de uma luta incansável do Programa Nacional de Imunização (PNI), que sinaliza o impacto positivo do Zé Gotinha.
— Estamos diante de um novo cenário, que são os pólos vírus derivados, e que continuam circulando. Por isso, não podemos baixar a vigilância, manter alta cobertura vacinal acima dos 95% e incentivar a vigilância epidemiológica e buscar a vigilância ambiental em maior grau possível — diz.
Para o deputado Dorinaldo Malafaia (PDT-AP), o assunto é mais grave do que parece. Ele, que integra a Frente Parlamentar em Defesa da Vacina, faz um alerta sobre a presença do vírus na região do Oiapoque, que tem somente 35% de cobertura vacinal, e que está na divisa com a Guiana Francesa, onde o vírus da pólio está sendo encontrado no esgoto.
— Precisamos de um choque de realidade nas pessoas e nas estruturas: precisamos falar em paralisia infantil para as famílias entenderem, e talvez não mais poliomielite, coisa que a maioria nem compreende — defende.
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A história dos sobreviventes
Em julho de 2022, a NSC produziu um multimídia chamado Sobreviventes da Pólio. A reportagem apresentou catarinenses atacados pelo vírus que, quando não mortal, interrompeu a trajetória da infância sadia, e deixou sequelas. Uma delas foi Carla Pedroso, à época com 52 anos, e que declarou como foi sua infância: “Dos noves meses aos cinco anos, foram 12 cirurgias. Até os 13 anos precisei usar bota ortopédica. Hoje, aos 52, só ando com muletas”.
Além disso, o multimídia mostrou que falta de saneamento, as más condições habitacionais e a higiene pessoal precária constituem fatores que favorecem a transmissão do poliovírus. Fez um alerta importante: o baixo índice de vacinação contra a poliomielite em Santa Catarina, consequência do negacionismo e Fake News em torno da vacinação.
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