O medicamento clonazepam foi encontrado na perícia técnica do refrigerante que intoxicou 12 funcionários do pronto-atendimento de Santa Cecília, no Meio-Oeste catarinense. O remédio é um dos mais vendidos no Brasil e é usado para tratar crises convulsivas, transtornos de ansiedade e distúrbios do sono, segundo informações do g1.
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O laudo técnico da bebida foi divulgado nesta segunda-feira (10). Segundo a Polícia Civil, vestígios de clonazepam foram encontrados nos resultados. Ainda segundo a perícia, os outros alimentos analisados no dia do ocorrido não continham nada ilícito.
A substância está na classe dos benzodiazepínicos e atua causando uma depressão no sistema nervoso central, de acordo com a professora Camila Marchioni, do Laboratório de Pesquisas Toxicólogicas da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).
Cerca de 12 trabalhadores passaram mal no dia 21 de outubro após ingerirem um refrigerante com suspeita de intoxicação. Os servidores do pronto-socorro apresentaram sintomas como náuseas, vômitos, tontura, sonolência e dificuldade na fala, após consumirem alimentos no local de trabalho, durante um café da tarde. Nove deles precisaram ser hospitalizados.
Segundo Camila Marchioni, se a substância for misturada a um refrigerante, o gosto pode ficar diferente.
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— Segundo relatos, o clonazepam em comprimido triturado e misturado a bebidas pode até deixar o gosto levemente amargo, mas isso é bem variável, pois normalmente a quantidade usada é baixa e acaba sendo colocado em bebidas muito doces — disse a professora ao g1.
De acordo com a especialista, o uso excessivo da substância pode oferecer riscos:
— Pode deixar a pessoa rebaixada, sendo observado sonolência intensa, confusão mental, fala arrastada, coordenação prejudicada, dificuldade para respirar, redução da pressão arterial e batimentos cardíacos lentos. Em casos mais graves, podem ainda ter perda de consciência e coma.
Ainda conforme a profissional, a situação mais perigosa é a de superdosagem, especialmente se ingerido com outras substâncias que também deprimem, como álcool.
Relembre o ocorrido
No dia 21 de outubro, 12 servidores do pronto-socorro de Santa Cecília apresentaram sintomas como náuseas, vômitos, tontura, sonolência e dificuldade na fala, após consumirem alimentos no local de trabalho, durante um café da tarde. Nove deles precisaram ser hospitalizados.
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Entre os afetados estavam uma médica, uma enfermeira, quatro técnicos de enfermagem, uma recepcionista, uma farmacêutica e dois colaboradores dos serviços gerais.
Segundo a Polícia Civil de Santa Cecília, todas as vítimas consumiram um refrigerante de dois litros deixado no local pela tia de um funcionário que estava afastado.
Conforme a Secretaria Municipal de Saúde, o homem está afastado das funções por denúncias de importunação sexual contra funcionárias do órgão, registradas em 8 de outubro. O colaborador e a tia foram presos no dia 23 de outubro, suspeitos de envolvimento na intoxicação. A identidade deles não foi divulgada.
As câmeras de segurança do local que registraram o momento em que a mulher chega à unidade com o refrigerante estão sob análise da Polícia Civil, que conduz as investigações e não foram divulgadas.
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Segundo a nota da Secretaria Municipal de Saúde, alguns profissionais também relataram lapsos temporários de memória, peso na cabeça e tontura. Um deles afirmou não se lembrar do que aconteceu no dia do episódio, conforme divulgou o g1 SC.
Os oito funcionários que estavam internados receberam alta médica em 25 de outubro. A secretaria informou que apenas um deles retornou ao trabalho e segue sendo monitorado pela equipe médica do município.
A Secretaria Municipal de Saúde divulgou uma nota sobre o episódio, informando que as pessoas intoxicadas estão bem e que a unidade de saúde está funcionando normalmente. Confira na íntegra:
“A Secretaria Municipal de Saúde manifesta-se sobre os fatos ocorridos no Pronto-Socorro no fim da tarde de 21 de outubro de 2025. Dez servidores passaram mal e apresentaram sintomas como náusea, tontura e desorientação, indicando possível intoxicação alimentar. Todos foram atendidos imediatamente, fizeram exames e foram medicados, com encaminhamento para internação no Hospital René Emílio Martinez Mujica e Hospital Hélio Anjos Ortiz. Informamos que todos estão bem e fora de risco.
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Pela Vigilância Sanitária do Município foi realizada a interdição da cozinha utilizada pelos servidores do Pronto-Socorro, local separado da área de atendimento público, onde os funcionários possuem liberdade para o consumo de seus próprios alimentos e bebidas. No dia 22 o local passou por desinfecção e foi reaberto.
A Polícia Civil foi imediatamente acionada e tomou depoimentos, coletou amostras de alimentos e refrigerantes para perícia e teve acesso às imagens do sistema de videomonitoramento do prédio. Informamos, por fim, que todos os serviços da Secretaria Municipal de Saúde e do pronto-socorro estão funcionando normalmente, prezando pelo bem-estar da população de Santa Cecília”.

