Imagine gostar tanto da cultura germânica a ponto de se casar com traje típico e viver uma espécie de Oktoberfest durante o tão esperado “sim”. Foi o que aconteceu há exatos 10 anos, quando um casal de Blumenau decidiu incorporar o “Fritz” e a “Frida” no momento da troca de alianças.

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Diante de mais de 200 convidados, eles conseguiram formalizar um casamento memorável e, uma década depois, nem tanta coisa parece ter mudado. Como, por exemplo, o amor que sentem um pelo outro.

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A ideia criativa partiu de Lilian Muller e Evandro Nardelli Muller, que, antes de compartilharem uma vida a dois, já dividiam a mesma paixão pela tradição alemã. Ela cantava no Centro Cultural 25 de Julho, enquanto ele fazia parte de um grupo folclórico.

Não tinha como organizar um casamento de outra forma, convenhamos.

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Em 5 de outubro de 2013, os dois chegaram à Igreja Luterana, do bairro Velha, dentro de um fusca. Lá, ao menos 90% dos convidados aguardavam a cerimônia com trajes que, naquele período do ano, eram os mais requisitados pelo público.

— Virou uma corrida contra um tempo para procurar traje aqui em Blumenau. A gente até comentava que não queríamos presentes, mas sim que os convidados viessem de traje típico — relembra Evandro.

Convidados estavam de traje típico na igreja (Foto: Jaime Batista)

Os convidados da festa não só assistiram à cerimônia do casamento, como também colocaram a mão na massa. Isso porque eles ajudaram os noivos a fazer toda a decoração do local. O recorte de cada forma de brigadeiro ou qualquer outro enfeite colocado cuidadosamente no cenário da festa tinha por trás a dedicação e o carinho de quem abraçou a ideia com o casal.

— Passados 10 anos, temos algumas rugas a mais, uns quilos a mais, mas a roupa do casamento ainda serve — brinca Lilian.

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A importância do pai no casamento

Mesmo depois de uma década, as lembranças do casamento seguem mais vivas do que nunca na memória do casal. Algumas mais do que outras, a considerar o significado do que aquilo representou para ambos. Quando os dois marcaram a cerimônia, o pai de Lilian sofreu um derrame.

— Foi um momento difícil porque logo depois que definimos a data do casamento, ele teve um AVC. Então a gente precisou se dedicar muito a ele também. Muita coisa fugiu do nosso controle — conta Lilian.

Destino transforma romance de Oktoberfest Blumenau em emocionante história de amor

O acontecimento abalou a família, mas não impediu que o tão esperado “sim” se concretizasse. Muito pelo contrário: a cerimônia seria ainda mais especial para todos.

Isso porque seu Osmar Muller era músico e, durante 45 anos, tocou harmônio na mesma igreja em que Lilian se casou. Todos os domingos, o homem estava lá, sem falta. Uma trajetória que o fez alimentar um desejo que compartilhava com todos — inclusive com a filha.

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— Era o sonho da vida dele casar a filha naquela igreja. E a gente sempre pensava que ele até poderia tocar. Mas não deu tudo tão certo — relembra Lilian.

Ainda assim, a noiva não deixou de vivenciar esse momento tão aguardado ao lado do pai. Na cerimônia, Lilian entrou na igreja ao lado de seu Osmar, na cadeira de rodas que passou a fazer parte da rotina da família desde o AVC. À época, ele tinha 77 anos.

Lilian entrando com o pai na igreja (Foto: Jaime Batista)

Para homenagear o sogro, Evandro também decidiu que, ao contrário da tradição que muitos casais costumam adotar, desta vez quem ficaria com mais um sobrenome seria o marido. Ele fazia questão de fazer parte daquela família e carregar um pouco da vida de seu Osmar consigo.

— E aí eu ainda lembro que quando ele ainda estava consciente me perguntou se meu pai deixaria. Daí eu brinquei que Nardelli tem bastante, mas Muller nem tanto — conta Evandro.

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Em 2018, o pai de Lilian faleceu, mas, no dia do casamento, deixou um legado que a família jamais vai esquecer.

Família reunida para celebrar o amor

Quando olham para trás, Lilian e Evandro se recordam com carinho do dia 5 de outubro de 2013. Não só porque o dia marcou a oficialização do amor dos dois do jeito que sempre imaginaram, mas também por terem conseguido reunir a família em um só lugar para a celebração do amor.

— O que eu lembro do casamento é o que tentamos resgatar. Porque a família estava um pouco abalada com a questão do pai da Lilian, e a gente sempre foi da tradição de reunir todo mundo. Então tivemos 204 amigos que apoiaram a ideia e que ajudaram até na festa com enfeites — recorda Evandro.

Casal sendo recebido no salão de festas (Foto: Jaime Batista)

Hoje, aos 46 anos, Lilian tem um filho de seis junto ao marido, que é um ano mais novo que a esposa. O garoto se chama Ludwig, em homenagem ao homem que já foi rei da Baviera, região onde ocorre a maior Oktoberfest do mundo.

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E não há dúvidas de que o garoto é tão apegado à tradição germânica quanto os pais. Antes mesmo de vir ao mundo ele já tinha contato com a cultura alemã, pois a mãe fez questão de organizar um chá de bebê que teve como tema a própria Baviera — afinal, uma realeza estava à caminho.

O ensaio fotográfico de gestante da Lilian também foi com traje típico, assim como ocorreu no aniversário do primeiro ano de vida de Ludwig, quando o pequeno virou um verdadeiro “Fritz”.

Lilian, Evandro e o pequeno Ludwig na Oktober, quando o menino era menor (Foto: Arquivo pessoal)

Os anos que sucederam o casamento não vieram exatamente como o planejado. Em 2013, em entrevista ao g1, Lilian e Evandro contaram alguns dos sonhos que gostariam de realizar com o passar do tempo. Um deles, era uma viagem para a Alemanha, que até hoje, em 2023, não se concretizou.

Só que, ainda que nem tudo tenha saído conforme o planejado, o destinou tomou o cuidado de reservar aos dois um futuro tão bonito quanto eles imaginaram há uma década.

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— Nesses anos, muita coisa mudou. Alguns sonhos a gente realizou, outros não, e assim a vida vai acontecendo — diz Lilian.

— Mas o melhor deles a gente realizou: que é estarmos juntos até hoje e com o nosso filho — finaliza Evandro.

Família na Oktoberfest Blumenau 2023 (Foto: Redes sociais, Divulgação)

*Sob supervisão de Augusto Ittner

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