As eleições presidenciais nos Estados Unidos vão atrair olhares do mundo novamente neste ano. A disputa está marcada para 5 de novembro de 2024, mas o processo eleitoral já começou com as primárias dos partidos, em janeiro.

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A escolha do novo presidente norte-americano desperta o interesse por decidir o comando do país mais rico e com a maior potência militar do mundo. O poderio financeiro e bélico permite aos Estados Unidos ter papel decisivo em conflitos, como os de Rússia e Ucrânia e Israel contra Hamas, que ganharam força e dificultaram as relações internacionais em 2023.

Trump é indiciado por interferência nas eleições dos Estados Unidos pela quarta vez

Neste ano, a possível repetição do embate entre o democrata e atual presidente John Biden e o republicano e ex-presidente Donald Trump, promete esquentar ainda mais a disputa pela Casa Branca. Trump, expoente mundial da extrema direita, responde a uma série de acusações que vão de interferência eleitoral na contagem dos votos no estado da Geórgia em 2020 a suborno de uma atriz pornô para ocultar supostos escândalos. Apesar disso, o ex-presidente é pré-candidato à Presidência dos EUA e venceu as primárias do Partido Republicano nos primeiros estados.

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A escolha do novo presidente norte-americano tem diferenças em relação ao processo adotado no Brasil, o que por vezes gera dúvidas na hora de acompanhar a corrida presidencial do país. Confira abaixo como funcionam as eleições presidenciais nos Estados Unidos:

Primárias

As primárias — também chamadas de prévias — são o ponto de partida das eleições presidenciais dos Estados Unidos. É o momento em que os partidos colocam em votação quem deve ser o candidato à Presidência na disputa de novembro. A primeira prévia ocorreu no da 15 de janeiro, no Estado de Iowa, mas o maior volume dessas escolhas deve ocorrer em 5 de março, no evento chamado de Super Terça, quando vários estados fazem primárias simultaneamente.

No lado democrata, a indicação do atual presidente Joe Biden à reeleição é considerada praticamente certa e o partido está fazendo convenções mais restritas nos estados.

Pelo lado republicano, o nome do ex-presidente Donald Trump tem liderado as pesquisas e as prévias iniciais. O principal concorrente dele, o governador da Flórida Ron DeSantis, desistiu da corrida para ser candidato no fim de janeiro, passando a endossar o nome de Trump. Com isso, a ex-governadora da Carolina do Sul Nikki Haley passou a ser a oponente de Trump no processo interno dos republicanos, embora o empresário ainda tenha amplo favoritismo.

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Apesar de vencer as primeiras prévias, para ter o nome nas urnas Trump ainda precisará se livrar de acusações na Justiça que podem impedi-lo de concorrer — o julgamento de uma dessas ações está previsto para fevereiro.

Após as primárias, os partidos fazem as convenções, eventos que confirmam o resultado das prévias e lançam oficialmente as candidaturas dos presidenciáveis. A convenção do Partido Republicano está marcada para 15 de julho, em Milwaukee, e a do Partido Democrata, para 19 de agosto, em Chicago.

Trump (esq.) e Biden devem protagonizar novamente disputa pela presidência (Fotos: Mandel Ngan/AFP, Arquivo NSC e Jim Watson/AFP, Arquivo NSC)

Votação e Colégio Eleitoral

A principal diferença em relação à eleição brasileira está no sistema de votação. Enquanto no Brasil o presidente é eleito pela maioria simples dos votos dos eleitores, nos Estados Unidos a votação é indireta. Os votos dos eleitores decidem para quem irão os votos dos delegados de cada estado. Eles formam o chamado Colégio Eleitoral, responsável por eleger o novo presidente. Em todo o país, existem 538 delegados. O presidente eleito precisa receber o voto de ao menos 270.

A distribuição dos delegados ocorre de acordo com a população e a quantidade de distritos (divisões administrativas) que cada estado tem. Os estados têm um delegado para cada distrito existente, e mais dois delegados que representam as vagas de senador de cada estado.

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A Califórnia, estado mais populoso e com 53 distritos no seu território, tem 55 delegados, enquanto Montana e outros estados pequenos possuem apenas três.

Em 48 dos 50 estados, o candidato vencedor em cada estado leva os votos de todos os delegados — o sistema é chamado de “winner takes it all” (o vencedor leva tudo). Apenas no Nebraska (5 votos) e no Maine (4 votos) os votos dos delegados são divididos proporcionalmente conforme o resultado em cada distrito.

Os “swing states”

Historicamente, alguns estados costumam ter vitórias do Partido Democrata (a exemplo de New Hampshire) e outros dos republicanos (como Ohio). Há ainda os que não têm uma preferência clara e oscilam de acordo com as circunstâncias de cada eleição. São os chamados “swing states”, que podem ser decisivos em eleições equilibradas como as últimas. Alguns dos estados com este perfil são Carolina do Norte e Pensilvânia.

Há diferenças também na forma de votação de cada estado, já que alguns utilizam sistemas eletrônicos de votação, enquanto outros ainda adotam as cédulas de papel e até mesmo voto por correio. Outra diferença é que o voto para os norte-americanos não é obrigatório.

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Na prática, o sistema com voto indireto permite que um candidato receba a maioria dos votos dos eleitores, mas não seja o vencedor caso não conquiste a maioria da votação dos delegados. Essa situação ocorreu em uma eleição recente, em 2016, quando a democrata Hillary Clinton recebeu cerca de 300 mil votos a mais, mas Donald Trump venceu em mais estados no Colégio Eleitoral e foi eleito presidente.

Veja divisão de delegados por estados

Posse e mandato

O vencedor das eleições presidenciais nos Estados Unidos tem posse prevista para 20 de janeiro de 2025. O mandato é de quatro anos e vai até janeiro de 2029.

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