O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, declarou que pretende reduzir as tarifas sobre importações de café. A fala, feita nesta terça-feira (11) em entrevista à Fox News, não cita o Brasil diretamente, mas acontece em meio às negociações entre os dois países.

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Interlocutores do governo e empresários veem de forma positiva a possível redução, que faz parte de uma medida da Casa Branca para conter a inflação nos Estados Unidos, reduzindo o custo de importações de produtos de consumo popular. O Brasil pediu que a alíquota extra de 40% sobre os produtos brasileiros fosse revertida em outubro.

O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, e o secretário de Estado dos Estados Unidos, Marco Rubio, devem ter um novo encontro nessa semana, no Canadá, às margens de uma reunião ministerial do G7.

No mês de agosto, os preços do café no varejo subiram quase 21% em comparação com julho, sendo que as tarifas de Trump tiveram influência nesse aumento. O Brasil teve uma das maiores tarifas aplicadas em julho, enquanto outros grandes produtores de café, como o Vietnã e Colômbia, receberam tarifas de 20% e 10%, respectivamente.

De acordo com a Associação Nacional do Café, os Estados Unidos importam mais de 99% de seu café. O Brasil representa 30,7% das importações americanas de café com base no peso líquido, de acordo com o banco de dados UN Comtrade, seguido por Colômbia (18,3%) e Vietnã (6,6%).

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Durante entrevista à Foz News, Trump disse que a economia americana possui problemas pontuais e citou a possibilidade de reduzir taxas.

— Estamos indo fenomenalmente bem, esta é a melhor economia que já tivemos. A única coisa (único problema) é a carne. A carne está um pouco alta porque os pecuaristas (americanos) estão indo bem (com as restrições à importação). Café, nós vamos reduzir algumas tarifas e teremos algum café vindo (sendo importado) — declarou.

Impactos para o Brasil

O diretor executivo da Associação Brasileira de Cafés Especiais (BSCA), Vinicius Estrela, vê que se a redução se confirmar, o Brasil pode ser beneficiado. Ele afirma que há condições favoráveis para uma retomada, já que “outras origens estão mais caras do que o Brasil”, o que abre margem para uma recuperação das exportações.

— Os preços internacionais estão em alta, os estoques americanos estão baixos e há indisponibilidade de café em outras origens no volume necessário. O Brasil está pronto para responder rapidamente caso o alívio tarifário se confirme. O café brasileiro tem qualidade e escala para atender o mercado americano, que falta é um ambiente comercial previsível — explica.

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Ao longo de 2024, cerca de um terço do total de café consumido pelos EUA veio do Brasil. A partir da implementação do tarifaço, as exportações para o país caíram 53% em setembro de 2025 em comparação com o mesmo período de 2024, totalizando 333 mil sacas.

Os EUA são o maior consumidor mundial de café, e compram em torno de 24 milhões de sacas por ano. Em 2024, o Brasil, enviou 8,1 milhões de sacas ao mercado americano, o que gerou uma receita próxima de US$ 2 bilhões.

*Com informações de CNN Brasil e O Globo