Motivados pelo amor por Florianópolis e o encontro, quase por acaso, de uma plaquinha de “vende-se” em um dos primeiros terrenos da Lagoa da Conceição, bairro da Ilha de Santa Catarina, o casal Gutemberg Lopes Guedes e Adriana Manes Guedes fez nascer o Hotel Boutique Quinta das Videiras. Trata-se de um casarão cor-de-rosa que atualmente chama a atenção de qualquer um que circula pelo bairro na área do Leste da Ilha.

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Charmoso, o espaço conta com itens exclusivos e até inusitados, desde um piso de ladrilho hidráulico que é o mesmo da Confeitaria Colombo, no Rio de Janeiro, conhecida por ser a doceria favorita de Machado de Assis, até um lustre, logo na entrada, que tem somente mais três “gêmeos” no Brasil e no mundo, vindo do renomado Le Méridien, do Rio — atualmente Hotel Hilton Copacabana.

Veja fotos do hotel na Lagoa da Conceição

O casal mora em Guaramirim, que fica a aproximadamente 200 quilômetros da Capital. Adriana é catarinense, enquanto Gutemberg, aos 55 anos, apelidado de “Guto” pelos mais próximos, é de Brasília. Ainda assim, ele diz ter uma conexão especial com o Estado, que até influencia na gestão do hotel:

— Meus filhos nasceram todos em Florianópolis, e eu já estou aqui há mais de 20 anos. Então, a gente respira Santa Catarina 100%. O hotel também tem essa pegada do catarinense de querer atender bem, fazer com amor, com zelo e com capricho — diz, com carinho.

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Paixão por Florianópolis e história de amor são parte da história do hotel

Ter uma casa em Florianópolis era um sonho antigo para o casal, por tudo que a Ilha da Magia transmitia para os dois: calma.

— Nessas idas e vindas para Florianópolis, a gente ficou em uma pousada, e o dono mencionou a experiência de ter o negócio, e como era legal. A gente falou “pô, por que ao invés de ter uma casa, a gente não faz uma pousada? Aí a gente já recebe os amigos, dá para fazer um business, a coisa flui melhor” — conta Guto.

Na época, o casal tinha o costume de frequentar cafés na Lagoa da Conceição. Em um dia, há pouco mais de 17 anos, os dois avistaram um terreno perto de um pé de manga que tinha a plaquinha de “vende-se”. O espaço era o sétimo terreno a existir no bairro, e pertencia ao seu Nonô e à dona Terezinha.

— Nisso, a gente se encantou por essa propriedade, e começamos a negociar com eles. A gente gostou da história dos dois, um casal maravilhoso, apaixonante e encantador. Eles também se identificaram com a gente. Foi muita energia positiva que fluiu ali — relembra.

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As negociações seguiram. No terreno, havia parreiras de uvas, plantadas por seu Nonô e dona Terezinha, os primeiros proprietários. Foi justamente isso que motivou o nome Quinta das Videiras, quando o hotel ganhou forma:

— “Quinta” seria um “pedacinho de terra”, em Portugal, e videiras é inspirado nas parreiras plantadas pelos dois.

“Tijolinho por tijolinho”: lustres e móveis exclusivos vêm de garimpos do casal

Os móveis presentes no hotel são de 1810 a 1920, de acordo com Guto.

— Tem império, Maria Antonieta, Chipandelle, peças que foram da inauguração do Copacabana Palace… O piso é o mesmo que está na Confeitaria Colombo e que veio da mesma forma a pedido do proprietário no Rio. Ele, na verdade, é inspirado em um desenho lá do Palácio de Versalhes — compartilha o proprietário.

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A aquisição dessas peças é feita pelo próprio casal, em viagens para a capital carioca ou para o interior de Minas Gerais.

— No meio do caminho, tinham antiquários, e a gente ia na sorte mesmo. Sentindo, conversando e garimpando aos poucos, e depois ia encaixando ao passar dos anos. A gente começou do chão, mesmo. Tudo que foi feito no hotel, a gente participou de cada detalhe, cada tijolinho.

O garimpo, para os dois, nunca acabará.

— É uma paixão. A gente vai continuar garimpando. Muitas peças dessas talvez poderiam estar até no museu, mas a gente deixa a galera sentir, mesmo: dormir, pegar, tocar, abrir gaveta, fechar gaveta, abrir porta, fechar porta… — declara.

Atualmente, o hotel Quinta das Videiras, na Lagoa da Conceição, recebe entre 10 e 12 mil pessoas por ano. Segundo Guto, desse número, 50% são estrangeiros.

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*Sob supervisão de Jean Laurindo

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