A construtora Pasqualotto tem planos bem definidos para os próximos anos e mira um novo perfil de imóveis para expandir a atuação no Litoral de SC. Fundada em 1993, a empresa encerrou no último mês uma sociedade com a companhia GT. A união ergueu projetos como o gigante Yachthouse by Pininfarina, maior residencial da América Latina e que ficou conhecido como “prédio do Neymar” após o craque comprar uma das coberturas do empreendimento de luxo em Balneário Camboriú. Os motivos da divisão não foram divulgados pelas empresas. 

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A sociedade, no entanto, representava apenas uma parte da atuação das empresas envolvidas. As construtoras Pasqualotto e AP seguem trilhando o próprio caminho e de olho em novos públicos. O empresário Alcino Pasqualotto, presidente da Pasqualotto, conta que neste ano a empresa deve entregar quatro residenciais, com 169 apartamentos em Itapema. Atualmente, a empresa tem 32 empreendimentos em andamento, que compreendem 11,4 mil apartamentos e 1,9 milhão metros quadrados de obras em andamento. Os números colocam a construtora entre as oito maiores do país, segundo a empresa. As obras estão em cidades da Costa Esmeralda, como Balneário Camboriú, Itapema, Porto Belo e Itajaí, além de Chapecó, no Oeste de SC.

Veja fotos de projetos da construtora

Mas a principal novidade na atuação da Pasqualotto deve estar no perfil dos imóveis e dos clientes. O maior interesse da empresa para os próximos anos deve estar em empreendimentos na faixa de valor entre R$ 1 milhão e R$ 3 milhões. A projeção é de que este perfil responda por 90% dos futuros lançamentos. Os prédios devem ficar em terrenos adquiridos pela construtora ao longo dos últimos 20 anos em cidades do Litoral, na região de Itapema e Porto Belo. 

O motivo da escolha por esse perfil é simples: é neste tipo de imóvel de até R$ 3 milhões que a empresa acredita que estará o maior potencial de valorização imobiliária na região do Litoral de SC. Segundo o empresário, os imóveis de altíssimo padrão estão em um patamar de valor muito distante dos de nível médio-alto. 

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— A tendência que a gente acredita nos próximos anos é de uma supervalorização desses empreendimentos — afirma Alcino. 

Quem são os compradores em potencial 

O interesse mira públicos como casais na faixa de 30 até 60 anos que querem comprar um imóvel na praia, mas sem precisar esperar por anos até poderem conseguir pagar pelo bem. 

— O público quer começar a frequentar a praia mais jovem e ter uma segunda residência. Ou, às vezes, ele [comprador] já com mais idade não quer comprar um imóvel de um valor tão alto para ficar imobilizado. Ele não quer ficar trabalhando esperando ter um imóvel apenas. Ele também quer viajar, quer comprar um carro, quer investir em outras coisas. Então, o que a gente enxerga nos próximos 10, 20 anos, é que a gente tem que atender muito a classe média e média-alta — explica Alcino. 

Os imóveis de altíssimo padrão que fizeram a construtora ser reconhecida, em pontos como em frente ao mar e em home clubs de altíssimo valor, não sairão totalmente dos planos, mas devem representar só 10% da carteira futura de projetos da Pasqualotto. 

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— É muito mais fácil um produto de R$ 1 milhão se valorizar e passar a valer R$ 2 milhões do que um apartamento de R$ 20 milhões valer R$ 40 milhões. Um investidor de um imóvel na planta almeja perspectiva de ganho de valorização. Então, esse ganho, na nossa visão hoje, está mais nessa faixa de produtos de médio-alto valor — conta. 

Alcino Pasqualotto lidera as construtoras Pasqualotto e AP (Foto: Jean Laurindo, NSC Total)

Estratégia envolve público maior com capacidade de compra 

A estratégia prospera também por haver atualmente um número maior de pessoas no Brasil com capacidade de compra desses imóveis do que potenciais compradores dos imóveis de superluxo. Vender esses imóveis, portanto, torna-se mais fácil e rápido. O custo de manutenção, em geral também mais baixo, é outro ponto citado como atrativo aos compradores.  Segundo o empresário, atualmente 70% dos imóveis adquiridos na região do Litoral são para segunda residência. 

— Nossa intenção é criar um produto que, em termos de tipo de empreendimento, localização e tamanho de apartamento, as pessoas tenham facilidade em querer e conseguir comprar, e não criar projetos muito difíceis para que as pessoas só fiquem sonhando e não comprem. Então, eu acho que nesse futuro próximo de projetos que a gente está desenvolvendo e os próximos lançamentos se enquadram muito neste perfil — conta Alcino. 

A filosofia é a mesma de marcas de luxo de carros e joias, que mantêm os produtos de alto valor para o público de maior poder aquisitivo, mas também criam linhas de produtos com valores mais acessíveis para atender diferentes tipos de clientes. 

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— A gente entende que, para atender o grande volume de pessoas que frequentam a nossa região, não dá para ter 10% atendendo a classe média, média-alta e 90% atendendo a classe A. Isso não vai ser sustentável. Porque não vai ter essa quantidade de público que imaginam nos próximos 10, 20 anos comprando esse tipo de imóvel. Um imóvel de R$ 25 milhões, R$ 30 milhões, atende a uma família com os filhos mais velhos casados com netos. Enquanto imóveis de R$ 3 milhões, às vezes essa família compra três desses. Eles não usam em conjunto o imóvel, cada um tem um — compara o empresário. 

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