As mensagens citando o governador Carlos Moisés na negociação dos 200 respiradores comprados pelo Estado por R$ 33 milhões foram negadas nesta terça-feira (23) pelo empresário Samuel Rodovalho. Ele prestou depoimento na CPI dos respiradores na Assembleia Legislativa de Santa Catarina (Alesc) e chamou de “suposição errada” a menção ao governador na troca de mensagens.

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Foi em perícia nas conversas de WhatsApp de Samuel que a força-tarefa da Operação Oxigênio encontrou três menções ao governador, sempre em encaminhamentos de mensagens que Samuel recebia de César Augustus Thomaz Braga – diretor jurídico da Veigamed que está preso. As conversas embasaram a mudança do caso para o Supremo Tribunal de Justiça (STJ) em função do foro do governador. Em uma das mensagens, Samuel diz a outro empresário que “está na linha com o governador”.

– Fiz uma suposição errada que eles estavam falando com o governador. O César me disse que estava em contato com o governo. Acredito que ele [Moisés] não tem ciência, nunca me foi falado dele. O César sempre me colocava que era o Fábio [Guasti, da Veigamed] que fazia contatos com o governo, sem citar o governador – explicou Samuel Rodovalho.

Samuel atuou na negociação como representante da empresa CIMA, que iria vender os respiradores para o Estado inicialmente. A venda não avançou pois, no dia 30 de março, a CIMA comunicou que não tinha os equipamentos para pronta-entrega. Samuel disse na CPI que tratou sempre com César, da Veigamed, e nunca teve contato com representantes do governo de Santa Catarina.

– O César estava desesperado porque queria cumprir o contrato, queria os respiradores. Mas eu já não era mais o agente principal, eu não tinha mais os respiradores para fornecer. A partir do dia 30 (de março) eu comecei a me distanciar. eu já não tinha mais os equipamentos da CIMA – disse o empresário.

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Com a saída da CIMA da negociação, a Veigamed seguiu o contrato com o governo e fechou o acordo nos primeiros dias de abril. Questionado pelos deputados, Samuel relatou que avisou César no dia 30 de março que não tinha mais os respiradores, no entanto o comunicado não teria sido repassado ao governo catarinense em tempo de suspender o negócio.

– Hoje eu vejo claramente que fui usado para fazer uma proposta. Não sabia que estaria envolvido em algo fraudulento – afirmou o empresário.

Samuel foi questionado, também, sobre conversas que teria no WhatsApp com Amândio João da Silva Júnior, atual chefe da Casa Civil de SC que assumiu o cargo após a exoneração de Douglas Borba. O empresário disse conhecer Amândio há mais tempo, e conversava com ele antes da negociação dos respiradores e antes dele assumir o cargo no governo.

No entanto, uma imagem anexada ao processo mostra uma conversa em grupo envolvendo Samuel, Amândio e mais duas pessoas. A chamada de vídeo teria ocorrido no final de abril e, segundo a investigação, o assunto era o problema na compra dos respiradores. Samuel disse que o grupo conversava sobre outros assuntos.

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CPI respiradores
Imagem mostra conversa em grupo envolvendo Samuel (canto inferior direito) e o agora chefe da Casa Civil, Amândio Junior (canto superior esquerdo) (Foto: Solon Soares/Agência AL)

Em nota, o chefe da Casa Civil de SC, Amândio João da SIlva Júnior, diz que a foto é de uma reunião online sobre um projeto para fazer testes de coronavírus em Florianópolis. Ele ainda afirma que isso aconteceu em 22 de abril deste ano, quando não exercia cargo público, e nega que tenha voltado a ter contato com Samuel Rodovalho.

Confira a nota na íntegra:

“A foto que faz referência a mim na CPI se trata de uma reunião via web para apresentação de um projeto de Drive Thru para testes do Covid 19 na cidade de Florianópolis, que também foi apresentada para a ACIF e outras entidades empresariais em outras oportunidades, sem a minha presença. A foto é da data de 22/4/2020. Um negócio privado, transparente e que acabou não acontecendo. Destaco que neste período eu não exercia qualquer cargo público e atuava, como minha vida inteira, na iniciativa privada. Desde 22/4/2020 nunca mais mantive contato com Samuel Rodovalho. Infelizmente a CPI busca, mais um a vez, desvirtuar os fatos”.

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