A corrida é um esporte que está se popularizando cada vez mais no Brasil. Em Florianópolis, isso não é diferente. Segundo Renata Pelisser Nicolao, instrutora de corrida na região, o número de pessoas que aderiram ao esporte cresceu muito nos últimos anos.  

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Renata tem uma assessoria de corrida na Grande Florianópolis e, segundo a profissional, a pandemia foi uma das razões para o aumento no número da prática de atividades físicas ao ar livre, principalmente a corrida.  

— As pessoas buscaram a prática esportiva ao ar livre porque não podia se frequentar lugares fechados e por conta da questão da saúde mental, já que fazer atividades ao ar livre é bastante favorável. Por ser algo bastante acessível, o esporte pode ser feito em qualquer lugar contou Renata.

De acordo com a psicóloga Amanda Ferreira da Silva, as pessoas viram nos esportes ao ar livre uma maneira de lidar com a angústia do período.

— A pandemia fez com que muitas pessoas repensassem o cuidado com a saúde como um todo. E, diante do confinamento e das incertezas, estar ao ar livre e mover o corpo se tornou uma maneira possível de respirar, lidar com a angústia e manter alguma forma de bem-estar pontua a psicóloga.

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Atividades continuam mesmo após pandemia

Segundo a instrutora, alguns atletas perceberam os benefícios da corrida a longo prazo e continuaram praticando mesmo após o fim da pandemia. 

— A corrida atua na saúde como um todo. Quem consegue descobrir e entender o benefício que o esporte traz, acaba continuando comenta.

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Para Renata, as paisagens bonitas de Florianópolis contribuem para que os atletas se mantenham motivados.  

— Em Florianópolis, o que favoreceu muito também foi a questão do ambiente. A Beira-mar, a Lagoa, o Parque de Coqueiros e as praias… A gente tem muitos lugares lindos ao ar livre, que são de fácil acesso para praticar a corrida disse a profissional.  

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Segundo Renata, a maioria do público atendido na assessoria é feminino e tem idades que variam entre 30 e 70 anos. Grande parte dessas atletas começou na corrida por questões de saúde e estética.  

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Grupo vence meia maratona  

A diversidade de idades não fica apenas nas ruas, ela também aparece no pódio. Em maio deste ano, um grupo de corredores da assessoria em que Renata trabalha subiu no pódio da Meia Maratona Internacional de Florianópolis.  

O grupo, com atletas de 25 a 74 anos, mostrou que não existe idade para começar a correr.  

A Meia Maratona Internacional de Florianópolis é uma corrida de rua que acontece anualmente na cidade. A prova oferece distâncias para todos os tipos de atletas: 5, 10 e 21 quilômetros (meia maratona). 

Neste ano, a edição foi considerada a maior da história. As vagas foram esgotadas antecipadamente e sete mil atletas se inscreveram na competição.  

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Segundo informações da produção do evento, corredores de mais oito países — incluindo Argentina, Bielorrússia, Brasil, Bolívia, Chile, Espanha, Itália e Paraguai — percorreram os trajetos.  

Corrida muda vidas 

Katia Regina Ghisi, de 66 anos, é aluna e sogra de Renata e é um exemplo de superação com ajuda do esporte.  

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Formada em educação física e psicologia, Katia foi diagnosticada com câncer de mama em 2015 e precisou mudar de vida.  

 Era um câncer superagressivo e eu precisei fazer uma cirurgia. Logo depois da cirurgia, eu precisei começar a fazer quimio e radioterapia. Depois eu ainda fui diagnosticada com câncer de tireoide — relembra Katia.

Durante o tratamento, Katia revelou que sentia muitas dores nas articulações devido aos remédios que estava tomando. A médica que estava acompanhando o caso sugeriu que a mulher praticasse mais atividades físicas.  

Determinada, Katia decidiu que iria mudar de vida e começou a praticar mais atividades físicas com exercícios de força e aeróbicos.  

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— Eu comecei a perceber que, quanto mais eu corria, menos dor eu sentia nas articulações. A corrida trouxe uma disposição maior para mim em tudo. Ela fez eu me sentir mais saudável e me ajudou a interagir com as pessoas revelou Katia.

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Katia começou a praticar a corrida de rua e, mesmo depois de todos esses anos, ela ainda se emociona.  

— Todas as vezes que eu vou correr na rua, eu choro. Eu olho para cima e agradeço. Mesmo depois desses 10 anos, eu choro todas as vezes. Me emociono por estar ali naquele momento, por estar viva e por estar correndo — revelou. 

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A mulher já participou de diversas corridas, mas a prova mais marcante aconteceu no ano passado, quando ela e a filha Gabriela participaram da Corrida do outubro Rosa, em apoio ao combate ao câncer de mama.  

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A atleta tem uma rotina de atividades físicas bem completa, seguindo os próprios limites, e pretende continuar assim por muito tempo.  

Benefícios da corrida 

De acordo com Renata, instrutora de corrida, o esporte ao ar livre oferece diversos benefícios para a saúde. Entre eles, ela destaca:  

  • Melhora o sistema cardiorespiratório; 
  • Fortalece o sistema muscular e aumenta a resistência; 
  • Ajuda no emagrecimento; 
  • Ajuda na saúde física e mental. 

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De acordo com Amanda Ferreira da Silva, psicóloga, a prática de atividades físicas contribui também para a melhora da saúde mental.

— A luz natural, o ar fresco, o contato com a natureza e a possibilidade de se desconectar das pressões do dia a dia ajudam a acalmar a mente e reorganizar os pensamentos. Caminhar, correr, pedalar ou simplesmente estar em movimento em um espaço aberto pode ser um momento de pausa. Além disso, esses momentos ativam o corpo de forma integrada: melhoram o humor, ajudam na regulação do sono e trazem mais disposição para o cotidiano — informa a profissional.  

Além disso, a psicóloga afirma que o exercício físico regular pode reduzir sintomas de ansiedade e depressão, aumentar a autoestima e favorecer o foco e a concentração. 

— É um recurso muito valioso no cuidado com a saúde mental. Para além disso, o movimento corporal pode funcionar como uma forma de expressão e elaboração emocional. Em quadros como o transtorno bipolar, por exemplo, atividades como a corrida, especialmente quando envolvem metas e regularidade, podem ajudar na organização da rotina e no manejo das oscilações de humor, funcionando como uma espécie de “regulador” emocional — conta Amanda. 

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Equilíbrio é tudo 

Apesar de recomendar a prática de atividades físicas para todos os pacientes, Amanda afirma que é preciso saber equilibrar as tarefas.  

— Às vezes, começar com pequenas caminhadas já é um grande passo. A proposta é que a atividade física seja um recurso de cuidado e não mais uma exigência ou cobrança. Quando feita com liberdade e escuta, ela pode abrir espaços importantes de reencontro com o corpo e com o prazer — comenta a profissional. 

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