Entre abril e maio de 2024, um pedaço da história gaúcha se perdeu depois de bibliotecas, museus e acervos ficarem debaixo d’água. Agora, um ano após a enchente que deixou um rastro de destruição no Rio Grande do Sul, livros raros e documentos históricos, que haviam sido congelados, começaram a ser restaurados em Florianópolis. As informações são do g1 SC.

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O trabalho de recuperação é feito pelo Laboratório de Conservação e Restauração da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Os documentos chegaram à UFSC em setembro do ano passado por meio de um transporte refrigerado, envoltos em sacos plásticos.

— Isso [congelar os documentos] faz com que ele permaneça da forma como está. Se ele está molhado, ele vai permanecer molhado e aí, obviamente, com temperaturas abaixo de -20ºC, que é o que se indica, não se proliferam fungos, micro-organismos, bactérias — explicou o coordenador do laboratório, professor Cezar Karpinski.

Os papéis permaneceram congelados durante todo o mês de outubro. Entre novembro e dezembro a equipe começou o descongelamento e a secagem.

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— Nesse momento, foram contabilizados em torno de 7 mil folhas somente de partituras do Museu de Igrejinha, que vão precisar passar por todo o tratamento de restauração. Além disso, nós temos 32 livros raros, que ainda não foram iniciados o tratamento, e o acervo de Camaquã ainda que não iniciamos nem a parte de contabilização — declarou o coordenador.

Livros congelados chegaram a UFSC ano passado

Etapas de restauração

Uma das etapas mais importantes da restauração desses documentos é a higienização. Esse trabalho é extremamente minucioso e é dividido em diferentes fases, começando pela higienização mecânica.

— É o momento em que a gente pode verificar a sujidade, a quantidade de folhas rasgadas e deterioradas que o documento tem. O primeiro contato é o de varredura de todos os excrementos e todos os detritos que a gente encontra no livro — explicou a doutoranda em Ciência da Informação pela UFSC, Rita de Cássia Castro da Cunha.

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O segundo passo é com pó de borracha feito para limpar a sujeira em cima do documento.

— O outro procedimento que a gente faz é o procedimento de higienização aquosa. Então a gente submete o documento a um banho para que saiam todos os detritos que não saíram ainda na primeira e na segunda higienizações — explicou a doutoranda.

Expectativa é que 98% dos documentos sejam restaurados

O processo de restauração segue em andamento. A expectativa é que 98% desses documentos sejam restaurados. Depois de passar por todas as etapas, o material será devolvido à uma caixa.

— É um avanço para as políticas de gestão de patrimônio, é um avanço no conhecimento de técnicas que podem salvar documentos. É um avanço científico aqui para a universidade por conta de todas as análises que nós vamos fazer, análises instrumentais — diz o coordenador Cezar Karpinski sobre a importância do projeto de restauração.

*Sob supervisão de Luana Amorim

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