O economista Ilan Goldfajn atribuiu ao “consenso” em torno do seu nome a sua histórica eleição, neste domingo (20), para o posto de presidente do BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento).

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– A primeira coisa que eu vou fazer é sentar com todo o mundo para escutar. Não podemos desperdiçar este momento histórico, para fazer um trabalho que nos orgulhe a todos no Brasil e na América Latina. – disse à Folha em sua primeira entrevista após a eleição.”

Apesar de o governo brasileiro ter participado da criação da instituição, em 1959, Goldfajn será o primeiro presidente do país a ocupar o posto, e com uma votação expressiva. Foi eleito com 80% dos votos e apoio de 26 países, disputando com quatro outros indicados. Na reta final, a Argentina retirou a sua candidata para apoiar o brasileiro.

Ele afirma que pretende fazer uma gestão de cooperação regional. Isso quer dizer que sua disposição é trabalhar em conjunto e harmonia com todos os países da região, incluindo o governo eleito de Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

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O ex-ministro da Fazenda Guido Mantega chegou a enviar um e-mail à secretária do Tesouro americano, Janet Yellen, pedindo que o pleito fosse adiado por 45 a 60 dias. Outros integrantes do partido, como a presidente Gleisi Hoffmann e o ex-chanceler Celso Amorim, corroboraram o pleito.

Mas o BID não atendeu ao pedido e manteve o cronograma com a candidatura apresentada pelo ministro da Economia, Paulo Guedes. Ilan prefere não comentar o assunto.

– Não quero entrar em questões passadas. O que posso dizer é que a minha candidatura representa o Brasil, e que não houve objeção a ela no Brasil, a eleição foi uma combinação do apoio de muitas pessoas que se manifestaram em meu favor, alguns inclusive publicamente, para dar o depoimento de que sou e sempre fui independente, e que minhas gestões são técnicas -.

Ele reforça a proposta de união e destaca que há afinidades em seu projeto com a do PT.

– É um prazer avançar com a minha plataforma, que coincide muito com a do governo eleito do Brasil. É um momento de, como brasileiros, todos nós, juntos – todo mundo mesmo, 100% –, trabalharmos em harmonia com o BID – afirma

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Ilan defende a importância de focar o combate à fome, destacando que “a insegurança alimentar é um tema urgente”.

Também afirmou que sua gestão será voltada a preservar “o espírito de cooperação” na América Latina e Caribe e da região com o resto do mundo e afirmou em diferentes momentos que o banco precisa investir em projetos capazes de fomentar crescimento com inclusão social, diversidade e preservação ambiental.

O BID é considerado o maior e mais antigo organismo financeiro multilateral do mundo e financia projetos de desenvolvimento econômico, social e institucional na América Latina e no Caribe. Tem 48 países membros e sede em Washington (EUA).

Reportagem de Alexa Salomão.

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