A faixa de areia da praia de Itapoá já não é mais a mesma que existia em 1979. Grande parte da orla foi “engolida” pelo avanço do mar nesses quase 50 anos. Agora, uma mega obra de alargamento, a maior registrada no Brasil até hoje, busca recuperar o território perdido. Sedimentos retirados do fundo do mar, com a dragagem do canal externo da Baía da Babitonga, vão ser realocados em praias da cidade do Litoral Norte catarinense.

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O que aconteceu com costa de Itapoá

Uma das possíveis explicações para o desaparecimento da faixa de areia é o avanço do mar e as erosões costeiras. Assim como Barra Velha, a cidade continua registrando fenômenos que levam a água do mar a invadir ruas e até mesmo casas.

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O que causa a erosão costeira

A erosão costeira é o processo de perda da terra ou a remoção de areia, sedimentos e rochas da linha costeira, de acordo com o professor Paulo Horta, dos programas de pós-graduação em Ecologia e Oceanografia, da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).

Conforme o professor, esse fenômeno é causado pela força das ondas, das correntes, do vento e das marés. A situação, no entanto, é agravada pela ação humana e pelos impactos das mudanças climáticas, como a elevação do nível do mar e o aumento da intensidade e frequência de eventos extremos.

Estudos e projetos internacionais mostram que o avanço do mar não é só uma expectativa, como também uma realidade. Pesquisadores já constataram que, em relação ao que era no começo dos anos 1990, o mar já avançou 20 centímetros.

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Em entrevista ao NSC Total, em 2024, o professor Paulo Horta já havia alertado sobre a situação. Segundo o especialista, se nada for feito, a estimativa é de que em menos de 80 anos o oceano esteja, em média, 1,2 metro mais “alto”.

— Um metro é a média mundial, em alguns lugares vai subir muito mais e em outros muito menos. Dependendo do local, do momento e da circulação (dos ventos), pode elevar a maré em dois, três metros — explica.

Como frear o avanço do mar

O professor Paulo Horta afirma que medidas de intervenção, como o alargamento das faixas de areia, têm efeito apenas temporário.

— Precisamos atuar de forma a restaurar o balanço de sedimento e construir adaptação e mitigação da emergência climática para termos, de fato, efetivas soluções de médio e longo prazo — diz.

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Segundo Horta, as melhores práticas para conter a erosão costeira incluem gestão preventiva, que potencializam soluções baseadas na natureza, como, por exemplo, o plantio de Florestas Marinhas (mangues, marismas, pradarias marinhas, linhas costeiras vivas, recifes de ostras, costeiras, entre outras florestas marinhas).

Obra de alargamento de praias em Itapoá

Em Itapoá, as praias Figueira do Pontal, Pontal do Norte e Princesa do Mar foram comprometidas e que agora serão reestruturadas. Ao todo, são cerca de oito quilômetros que passarão pela obra.

A alimentação artificial das praias, nome técnico do alargamento, vai reestabelecer a linha costeira de 1979. A linha também servirá de referência para os futuros alargamentos, já que as ampliações de faixa têm vida útil. A largura varia conforme o setor da praia e os impactos da erosão costeira. O acréscimo na largura da praia poderá variar entre 30 e 100 metros, com pontos de até 186 metros, conforme projeto.

O alargamento teve início dos testes na noite de quarta-feira (15), com bombeamento de areia para a praia Pontal do Norte. Na próxima segunda-feira (20), o começo da ampliação da faixa de areia será oficializado, em entrevista coletiva com representantes do governo do Estado, prefeituras e dos portos de São Francisco do Sul.

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Já a dragagem do canal externo da Baía da Babitonga, de onde sairá a areia para o alargamento, iniciou no último final de semana, em local onde os sedimentos a serem removidos não tem compatibilidade com o alargamento das praias.

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