O barulho das máquinas produzindo compressores de geladeiras deu lugar ao som suave de um piano de cauda e do arco que desliza sobre o violino. Ernesto Heinzelmann viveu 33 anos dentro de uma empresa de Joinville que ajudou a transformar em multinacional. Mais tarde, cansado do dia a dia na indústria, resolveu usar seus conhecimentos e dedicação ao trabalho para criar o Musicarium, expandindo a música clássica e trazendo oportunidades para crianças de baixa renda.
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O começo da carreira de sucesso não foi fácil. O pai trabalhava na Drogaria Catarinense e criava cinco filhos, entre eles Ernesto. Anos depois, o jovem conseguiu se formar engenheiro mecânico pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).
— Tivemos uma vida muito apertada economicamente. Educar cinco filhos não é fácil, dar sustento, escola e tudo mais. Eu não tive nenhuma coisa na qual eu pudesse me apoiar para começar a vida profissional, a não ser o conhecimento que eu adquiri fazendo engenharia mecânica na UFSC. E, claro, uma vontade louca de trabalhar, realizar coisas e progredir de fato — comenta Ernesto.
Ao sair da faculdade, não conseguiu trabalho de cara, mas com uma indicação ali, outra aqui, conseguiu uma vaga na WEG, em Jaraguá do Sul. Pouco tempo depois, surgiu a oportunidade de atuar na antiga Embraco, em Joinville, cidade onde nasceu. Ernesto fez as malas e voltou para o município de origem.
— Surgiu um anúncio no jornal de uma empresa nova que iria se instalar aqui em Joinville, que era a Embraco, que iria fazer aqui um produto de altíssima tecnologia que não existia no Brasil e que viria substituir importações que eram feitas naquela época. Era o governo militar ainda, havia um programa muito forte de verticalização no Brasil, industrializar fortemente o país e substituir importações. Bom, no final do dia o compressor teria que ser fabricado aqui no Brasil por questão de custo até. E o anúncio do jornal, a empresa buscava engenheiros, de preferência que falassem alemão, porque havia perspectivas de viagens ao exterior. Aquilo, claro, brilhou meus olhos — diz Ernesto.
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Neto de alemães, o jovem engenheiro tinha tudo o que precisava para a vaga e foi contratado. Permaneceu mais de 30 anos na Embraco, crescendo dentro da empresa, até que de engenheiro, passou a ser presidente em 1993, aos 39 anos. Na sua gestão, a companhia foi expandida para fora do país, tornando-se multinacional.
Vindo de família sem grandes oportunidades financeiras, sempre levou consigo a vontade de fazer voluntariado e trabalhar a partir da responsabilidade social. Ernesto conta que, dentro da Embraco, prezava para que a empresa realizasse ações sociais nos territórios e comunidades onde se inseria.
Após ficar mais de 30 anos na mesma empresa, decidiu “se aposentar” da indústria. Com a história de sucesso construída, foi conselheiro em diversas companhias, onde atuou, e ainda atua, como um guia. Além disso, é atualmente presidente do Instituto Coree e Musicarium Academia Filarmônica Brasileira.
Foi no Musicarium que encontrou sua paixão. Uniu o amor pela cultura e arte e, também, o voluntariado. Quando questionado sobre os hábitos que mantém em sua trajetória, faz questão de destacar: o trabalho duro e a responsabilidade.
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— Responsabilidade porque você têm pessoas contando com você, seja na empresa ou no voluntariado. Isso é voluntariado de verdade, não é ir quando dá, é você se comprometer — enfatiza.
Com a veia do voluntariado pulsante, quis que o Musicarium continuasse o trabalho social que Ernesto já mantinha desde os tempos de indústria. Isso porque são matriculadas no projeto crianças de escolas públicas, muitas delas, de baixa renda.
— São crianças que jamais teriam essa oportunidade se não fosse oferecido uma coisa dessas para elas. O Sérgio Ogawa sempre repete quando tem concertos aí na nossa orquestra. Nós começamos com 100 vagas para alunos e vieram 700 candidatos — lembra Ernesto sobre a história que o diretor Sérgio Ogawa também gosta de recordar.
Hoje, são mais de 180 alunos, alguns que estão desde 2017 no projeto e aprenderam mais sobre os saberes da música. Ernesto fala com orgulho do Musicarium, projeto sem fins lucrativos, que trouxe oportunidades e mais conhecimentos para crianças joinvilenses.
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Agora, o empresário, além de trabalhar como conselheiro, quer se dedicar em ver os jovens tornando-se grandes músicos, assim como quer ver o Musicarium se expandir, com o Concert Hall.
O projeto, anunciado com exclusividade ao NSC Total, será erguido em um terreno de 4.870 metros quadrados doado pela Cidade das Águas, o primeiro bairro planejado do país, que fica localizado no Norte de Santa Catarina, a ganhar um Concert Hall.
Por enquanto, Ernesto continua acompanhando de perto todas as façanhas conquistadas pelas crianças do projeto e sonhando com a expansão do Musicarium.
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