Em uma derrota para o governo, a oposição conseguiu impedir a votação simbólica do senador Omar Aziz (PSD) para a presidência da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que apura desvios do INSS, e elegeu senador o Carlos Viana (Podemos), alinhado com Jair Bolsonaro (PL). As informações são do g1.

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O presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), havia indicado o senador Omar Aziz (PSD-AM) para o cargo, com apoio do Palácio do Planalto. A escolha não foi bem-recebida pela oposição, que articulou horas antes o lançamento de uma candidatura alternativa.

Sem consenso, a eleição, que tradicionalmente ocorre de forma simbólica, precisou ser feita por cabines de votação. O resultado foi uma derrota para a base do Planalto e para Alcolumbre: Carlos Viana foi eleito por 17 votos a 14.

Ao ser eleito, Viana rejeitou a indicação do presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), para a relatoria do colegiado e escolheu Alfredo Gaspar (União-AL) para a função. O deputado atribuiu a ascensão ao cargo a uma articulação do presidente do União Brasil, Antonio de Rueda, de lideranças da oposição, como o líder do PL na Câmara, Sóstenes Cavalcante (RJ).

O presidente da CPI mista afirmou que escolheu Gaspar com base em sua “grande experiência curricular”.

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— Conversamos bastante sobre o desafio desta CPMI. Tenho certeza que vai fazer um grande trabalho — disse.

Governo faz reuniões

O governo apostava em um domínio considerável sobre a CPI, diante da boa relação com Aziz, que comandou a CPI da Covid no governo passado. Logo após o fim da reunião, a ministra de Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann (PT), convocou uma reunião de emergência entre os líderes da base do governo e do PT para discutir a perda do comando da CPI mista do INSS.

Poucas horas depois, o presidente Lula (PT) se reuniu com o presidente da Câmara, Hugo Motta, no Palácio da Alvorada. O encontro durou cerca de 30 minutos e até a última atualização desta reportagem não constava na agenda oficial dos dois.

Entenda a CPMI

Criada em junho pelo Congresso, a CPI mista foi instalada nesta manhã. O colegiado vai apurar um esquema de desvios em benefícios do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). Segundo a Polícia Federal e a Controladoria-Geral da União (CGU), o total desviado pode chegar a R$ 6,3 bilhões.

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A comissão tem duração prevista de até seis meses, com a possibilidade de prorrogação do prazo. Serão 32 parlamentares titulares (16 deputados e 16 senadores). O PT e o PL terão as maiores representações, com quatro congressistas cada (veja lista completa aqui).

O objetivo central da CPI mista será aprofundar as conclusões da PF e da CGU sobre os desvios em benefícios do INSS. Defensora da CPI, a oposição avalia que a investigação ainda pode desgastar o governo de Lula (PT), especialmente com a possibilidade de a CPI mirar o Sindicato Nacional dos Aposentados, Pensionistas e Idosos (Sindnapi) — ligado ao irmão do petista, Frei Chico.

Eleito presidente do colegiado, Carlos Viana disse que não tem “desejo de prejudicar a quem quer que seja”.

— Quem está aqui é um presidente eleito que quer esclarecer o que aconteceu, pedir a punição dos culpados e, principalmente, gerar novos projetos e políticas que não permitam a repetição de um momento tão vergonhoso para o Brasil como o desvio de dinheiro de aposentados e pensionistas — declarou Viana.

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Veja quem compõe a CPI mista

Titulares

Senado (16):

  1. Eduardo Braga (MDB-AM)
  2. Renan Calheiros (MDB-AL)
  3. Carlos Viana (Podemos-MG)
  4. Styvenson Valentim (PSDB-RN)
  5. Omar Aziz (PSD-AM)
  6. Eliziane Gama (PSD-MA)
  7. Cid Gomes (PSB-CE)
  8. Jorge Seif (PL-SC)
  9. Izalci Lucas (PL-DF)
  10. Eduardo Girão (Novo-CE)
  11. Rogério Carvalho (PT-SE)
  12. Fabiano Contarato (PT-ES)
  13. Leila Barros (PDT-DF)
  14. Tereza Cristina (PP-MS)
  15. Damares Alves (Republicanos-DF)
  16. Dorinha Seabra (União-TO)

Câmara (16):

  1. Coronel Chrisóstomo (PL-RO)
  2. Coronel Fernanda (PL-MT)
  3. Adriana Ventura (Novo-SP)
  4. Paulo Pimenta (PT-RS)
  5. Alencar Santana (PT-SP)
  6. Sidney Leite (PSD-AM)
  7. Ricardo Ayres (Republicanos-TO)
  8. Romero Rodrigues (Podemos-PB)
  9. Mário Heringer (PDT-MG)
  10. Beto Pereira (PSDB-MS)
  11. Bruno Farias (Avante-MG)
  12. Marcel van Hattem (Novo-RS)
  13. Alfredo Gaspar (União-AL)
  14. Duarte Jr. (PSB-MA)
  15. Rafael Brito (MDB-AL)
  16. Julio Arcoverde (PP-PI)

Suplentes

Senado (16):

  1. Alessandro Vieira (MDB-SE)
  2. Veneziano Vital do Rêgo (MDB-PB)
  3. Efraim Filho (União-PB)
  4. Soraya Thronicke (Podemos-MS)
  5. Oriovisto Guimarães (PSDB-PR)
  6. Otto Alencar (PSD-BA)
  7. Nelsinho Trad (PSD-MS)
  8. Chico Rodrigues (PSB-RR)
  9. Rogério Marinho (PL-RN)
  10. Magno Malta (PL-ES)
  11. Marcos Rogério (PL-RO)
  12. Randolfe Rodrigues (PT-AP)
  13. Teresa Leitão (PT-PE)
  14. Augusta Brito (PT-CE)
  15. Ciro Nogueira (PP-PI)
  16. Cleitinho (Republicanos-MG)

Câmara (16):

  1. Zé Trovão (PL-SC)
  2. Fernando Rodolfo (PL-PE)
  3. Bia Kicis (PL-DF)
  4. Rogério Correia (PT-MG)
  5. Orlando Silva (PCdoB-SP)
  6. Vaga do União Brasil
  7. Vaga do União Brasil
  8. Delegado Fabio Costa (PP-AL)
  9. Rafael Brito (MDB-AL)
  10. Carlos Sampaio (PSD-SP)
  11. Thiago Flores (Republicanos-RO)
  12. Mauricio Marcon (Podemos-RS)
  13. Lucas Redecker (PSDB-RS)
  14. Paulinho da Força (Solidariedade-SP)
  15. Luiz Lima (Novo-RJ)

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