Após a anulação de três questões, o gabarito oficial do 2º dia do Enem 2025 já está disponível. Ainda que com os itens a menos, a nota dos participantes não será prejudicada. Isso porque no Exame Nacional do Ensino Médio, a pontuação não é um reflexo direto do total de acertos (entenda mais abaixo). As informações são do g1.
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No modelo de correção do Enem, não há pontuações específicas para as questões ou limites fixos de pontos para a prova como um todo. Por isso, os valores máximos e mínimos de cada prova dependem da combinação de questões, refletindo dificuldade e coerência das respostas, e não apenas o número de acertos.
Em vista disso, dois participantes podem acertar exatamente o mesmo número de questões e ter notas diferentes, porque a pontuação depende de quais questões foram acertadas, e cada uma delas tem um “peso” diferente.
— A anulação de três questões dentro de um conjunto de 180 não vai mudar as notas dos candidatos, não vai favorecer um grupo e não vai prejudicar um outro grupo. Porque as outras questões que compõem a prova vão manter a capacidade de avaliação e proficiência do aluno, nas diferentes dificuldades e habilidades que compõem a prova — explica Viktor Lemos, diretor geral do Curso Anglo.
Compare questões mostradas na live e presentes no Enem
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As questões anuladas são:
- Fotossíntese: (115 na cinza; 121 na amarela; 132 na verde; 123 na azul)
- Grito: (118 na cinza; 115 na amarela; 135 na verde; 132 na azul)
- Parcelamento de R$ 60 mil: (172 na cinza; 178 na amarela; 168 na verde; 174 na azul)
Entenda o método de correção do Enem
A nota não é um reflexo direto do total de acertos no Enem. O aluno que acertou 100 questões nos dois dias de provão não vai tirar 100 pontos, por exemplo. Isso ocorre porque o exame é corrigido com base na TRI, a Teoria de Resposta ao Item.
O método de correção define que uma questão pode ter pesos diferentes a depender do desempenho geral do candidato. A TRI oferece “vantagens” em relação ao método clássico de correção. São elas:
- ao detectar os famosos “chutes”, ela premia o aluno que, de fato, se preparou para a prova;
- possibilita a comparação entre candidatos que tenham feito diferentes edições do exame;
- torna mais improvável que dois concorrentes tirem exatamente a mesma nota, já que o resultado final é divulgado com casas decimais (816,4 pontos, por exemplo).
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Graças ao modelo de correção, a banca do Enem também consegue “redistribuir” a nota de uma eventual questão anulada.
— Se uma questão for anulada, não tem problema, porque a TRI compensa a anulação da questão, sem prejuízo para nenhum dos estudantes. Todos vão ter a nota parametrizada da mesma forma — explica Michel Arthaud, professor de química da Plataforma Professor Ferretto.
Entenda o que aconteceu
Uma live foi transmitida no Youtube pelo universitário Edcley Teixeira, que vende cursos preparatórios para estudantes, no dia 11 de novembro — ou seja, cinco dias antes do segundo dia de provas, onde os candidatos tinham que responder questões sobre Ciência da Natureza e Matémática.
Algumas, inclusive, têm exatamente os mesmos números cobrados dos candidatos pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep).
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Ele exibiu, por exemplo, uma questão de Biologia com quatro alternativas idênticas às do exame aplicado dias depois, além de outra, sobre ruído sonoro, que reproduzia a mesma função matemática e valores numéricos. Os materiais que ele disponibilizou aos alunos traziam ainda outras questões com semelhanças diretas às do Enem 2025.
Edcley justifica a “previsão” das perguntas dizendo ter memorizado questões do Prêmio Capes Talento Universitário — prova opcional aplicada em concurso para estudantes do 1º ano de graduações. Edcley teria descoberto que essas perguntas serviriam como “pré-teste” para integrarem futuras edições do Enem.
“A Polícia Federal foi acionada para apurar a conduta e autoria na divulgação das questões e garantir a responsabilização dos envolvidos por eventual quebra de confidencialidade ou ato de má-fé pela divulgação de questões sigilosas de forma indevida”, diz o Inep, em nota.
Ainda, o Inep jamais confirmou qualquer associação entre esses dois exames.
— Desenvolvi método de algoritmo que dá a resposta de qualquer questão. Os professores precisam estudar a estrutura da prova. Com poucos recursos, consegui revolucionar o Enem sem que ninguém soubesse até hoje. Agora, sabem. Entendi a lógica do Enem e consegui prever as questões — diz o “mentor”.
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*Sob supervisão de Giovanna Pacheco












