A Kosmos Rocketry, equipe da UFSC Joinville, se prepara para participar da “Copa do Mundo” dos foguetes, a International Rocket Engineering Competition (IREC). A competição acontece em junho deste ano, mas o desenvolvimento do projeto Morpheus, foguete que irá representar a Kosmos, está em prática há um ano e meio.
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José Roberto dos Santos Carmo, de 21 anos, é aluno do sexto semestre do curso de Engenharia Aeroespacial e atual capitão da Kosmos. Ele conta que desenvolver um foguete nas especificações de projeto que o Morpheus demanda é bem desafiador. Este será o primeiro foguete de 30.000 pés de apogeu, aproximadamente 9,1 quilômetros, feito totalmente por estudantes do hemisfério sul do planeta.
Veja fotos da Kosmos Rocketry
— Nós decidimos seguir com o Morpheus e a partir desse momento começamos com bastante pesquisa, porque tem muita coisa que é nova. Os nossos projetos anteriores, por exemplo, chegavam a cerca de Mach 1, nem Mach 1 quase, que é a velocidade do som. Esse foguete estava previsto para atingir Mach 2.2, que é duas vezes a velocidade do som — explica sobre a complexidade.
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Um dos objetivos do projeto é superar o recorde atual da IREC entre os foguetes da categoria, que atualmente pertence a uma equipe de São Paulo. Em 2022, o foguete Juno II registrou o apogeu de 3,7 quilômetros durante a competição.
Equipe enfrentou dificuldades em teste recente
Como um dos principais desafios para a execução do projeto, José destacou a falta de materiais de pesquisa disponíveis na área.
— É um projeto muito mais à frente do que já estávamos acostumados a lidar antes. Demandaram pesquisas e, de verdade mesmo, pesquisas de assuntos que nem existem tanta disponibilidade assim na internet — diz.
Segundo o atual capitão da Kosmos, o motor do Morpheus é o maior de propulsão sólida desse tipo de propulsor no Brasil, com um propelente à base de nitrato de potássio e sorbitol.
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— Desenvolvemos um motor nessas dimensões sem uma literatura específica, como um manual mesmo, de como desenvolver algo do tipo. É um grande desafio. Então, muita coisa parte de fazermos melhoria, investigação e pesquisa por conta própria mesmo e aplicar isso na prática para testar e validar — explica.
O maior desafio aconteceu recentemente durante um teste estático, quando o motor que impulsionaria o Morpheus explodiu. Segundo os acadêmicos, foram 32 dias de preparação e um prejuízo de R$ 15 mil.
Agora, José explica que a Kosmos busca apoio de parceiros e patrocínios para acelerar o projeto na reta final. Em contato com especialistas, a equipe já desenvolve soluções em tempo para a IREC.
Competição acontece nos EUA
José conta que dos 47 membros da equipe, 16 farão parte da viagem até a competição considerada por eles a “Copa do mundo dos foguetes”, que acontece de 9 a 14 de junho nos Estados Unidos. O estudante explica que estar presente na competição é um motivo de orgulho, pois mesmo com um baixo orçamento, a equipe tenta aplicar as melhores tecnologias.
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— Temos muito orgulho do projeto Morpheus. Ele é um projeto que foi muito desafiador em toda extensão em que ele foi desenvolvido durante o período. Ter a oportunidade de lançar um foguete em uma competição que é tão prestigiada, a IREC, que é a principal competição de foguete de sondagem no mundo, é uma grande questão de orgulho — reforça.
Na expectativa para a competição, os membros da Kosmos compartilham o processo de construção e testes nas redes sociais. O desenvolvimento do Morpheus acontece no campus da UFSC Joinville e também com o apoio de parceiros que abraçam o projeto.
Importância da Kosmos na construção de carreira
O projeto de extensão Kosmos Rocketry, equipe de foguetes de sondagem experimental da UFSC, é uma das oportunidades que os acadêmicos têm para colocar em prática os conhecimentos teóricos. Fundada em 2013, atualmente é a maior equipe do campus, com 47 membros.
Antonio Otaviano Dourado, Doutor em Engenharia Mecânica e subcoordenador do curso de Engenharia Aeroespacial, explica que a alta procura de estudantes pelo curso se deve muito pela divulgação de projetos como a Kosmos.
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Para ele, o engajamento dos estudantes em competições grandiosas como a IREC contribui diretamente para a carreira dos futuros engenheiros.
— Se você mostra que faz um projeto e tem um resultado não trivial, acima da média, mostra que além de ter o conhecimento já indo para o avançado, você também tem a parte da consolidação do conhecimento na forma prática — destaca.
O capitão da Kosmos, José, também avalia de forma muito positiva sua participação na equipe, visando futuras oportunidades no mercado de trabalho.
— Muitas vezes eu abro os sites de carreiras de empresas do exterior e verificar os pré-requisitos. Muitos desses pré-requisitos são coisas que nós desenvolvemos dentro da equipe de competição, dentro da Kosmos e não teríamos desenvolvido ao longo do processo acadêmico — finaliza.
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*Sob supervisão de Leandro Ferreira
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