Amora, uma pastora alemã de 7 anos, era conhecida na comunidade de São Bento do Sul, cidade do Planalto Norte catarinense, por sua simpatia e presença em missas e eventos da Paróquia Puríssimo Coração de Maria. No último sábado (12), participou com muito entusiasmo da inauguração do Bosque São Bento, anexo à igreja. Três dias depois, nesta terça-feira (15), ela não resistiu às complicações de um tratamento de saúde e morreu durante uma cirurgia.

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Vida na comunidade

A cachorra foi um presente ao padre Luciano José Toller, quando ele ainda atuava na Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR). O sacerdote lembra que Amora foi criada, desde muito pequena, na sacristia e andava por todos os setores da PUC. Foi lá que cultivou toda a sua simpatia e adquiriu o gosto de cumprimentar as pessoas. Quando o padre veio para São Bento do Sul, ela veio junto.

Ela passou a ficar em casa quando o padre ia para a igreja. Porém, isso durou pouco. O sacerdote lembra que Amora começou a fugir para ir para a paróquia. Em pouco tempo, ela se tornou conhecida por toda a cidade.

— No começo, o pessoal assustou, mas ela ia nos bancos, cumprimentava cada pessoa, ia onde tinha criança. Ela me acompanhava nas salas de catequese, me acompanhava nos encontros, então ela se divertia com todas as crianças, porque ela era da comunidade. Ela gostava dessa interação, não gostava de ficar muito sozinha em casa — relembra Luciano.

A cachorra ainda aproveitava para dar outras “voltinhas” pela região, mas quando era flagrada logo voltava para casa.

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— Toda vida alguém aparecia na porta: “Ah, padre, eu trouxe a Amora”. Se tornou muito conhecida em toda cidade, muito querida por todos. Às vezes o pessoal estava longe, via um pastor alemão assim, meio de relance, e já me ligava: “Padre, a Amora tá em casa? A Amora tá aí pela igreja? Porque nós vimos um cachorro aqui longe”. Então, o povo tinha esse carinho por ela — relata.

Amora e o Bosque São Bento

A cachorra era tão querida na região que passou a integrar o grupo Desbravus, que ajudou a construir o Bosque São Bento. O padre conta que Amora esteve presente em todas as etapas dessa construção. Na inauguração, ela foi vestida com uma roupa do grupo e passou o dia interagindo com a comunidade. Segundo o sacerdote, ela estava feliz.

Na segunda-feira (14), Amora passou mal e foi levada a um veterinário. Ela tinha um tumor no baço, descoberto há cerca de quatro semanas. Na época, recebeu todo o tratamento necessário e seu quadro de saúde evoluía bem e sem complicações.

— Domingo ela estava muito feliz ali com todo mundo. Aí na segunda-feira ela já passou mal, e ontem foi para cirurgia e já acabou morrendo. Parece que esperou o bosque ficar pronto. Aquela sensação assim de missão cumprida, né? Ela não estava bem já nesses últimos tempos e aguentou até experimentar essa alegria da inauguração, e na segunda-feira já se entregou e terça morreu — disse o padre.

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Amora foi enterrada no Bosque São Bento, próximo a uma placa que diz “A minha alma tem sede”. O Desbravus ainda colocou uma fita preta, de luto por Amora, no memorial feito ao grupo.

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