Recentemente, uma nova doença tomou conta dos artigos e dos noticiários de saúde. A Esporotricose está chamando a atenção de infectologistas de todo o Brasil tendo em vista que o quadro atinge tanto animais domésticos quanto humanos. Assim, saiba o que é essa doença, como ela se transmite, os sintomas e como pode ser tratada, além da visão de especialistas sobre o quadro.
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O que é a esporotricose?
A esporotricose é uma micose que causa lesões na pele, causada pelo fungo Sporothrix brasiliensis. Ela é transmitida majoritariamente por cães, gatos e até humanos. Mas não é só no Brasil que casos já foram registrados. Países como Uruguai, Argentina e Chile também têm sofrido com isso. Além disso, existe outra via de transmissão que é o fungo Sporothrix schenckii.
Todavia, é bem menos comum, e está presente em plantas, palhas e fibras. Essa variante está, inclusive, diminuindo de frequência.
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De acordo com o site do Ministério da Saúde, os sintomas começam a aparecer depois da infecção, se iniciando com uma ferida semelhante à de uma picada de inseto. A ferida pode ir aumentando ou até curar naturalmente, não há uma evolução definida. Já em quadros mais graves, onde o fungo chega às vias respiratórias, sintomas como tosse e falta de ar podem vir a acontecer.
A esporotricose está descontrolada?
De acordo com o infectologista Flávio Telles, coordenador do Comitê de Micologia da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI), a doença está descontrolada em alguns estados. Segundo o jornal Folha de São Paulo, os quadros de aumento são em São Paulo e no Paraná. Entretanto, vale ressaltar que os gatos transmitem a doença através de mordidas e arranhões, mas são vítimas de um hospedeiro.
Por isso, os bichinhos não devem ser considerados culpados. Enquanto para humanos, a esporotricose não é letal, para os felinos o quadro pode vir a ser.
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O quadro não é transmitido de humano para humano. Por isso é considerada uma zoonose. Existe tratamento tanto para animais quanto para as pessoas. Geralmente, a medicação utilizada é um antifúngico por via oral. Durando no mínimo três meses, mas podendo chegar a um ano. A saber, o tratamento não pode ser interrompido.
Subnotificação dificulta o controle
Neste contexto, o Ministério da Saúde demonstrou preocupação com o cenário em uma nota técnica recente. Apesar disso, a notificação da esporotricose não é obrigatória, o que dificulta o real controle da situação. Por outro lado, o Ministério solicita que todos os casos suspeitos devem ser informados à vigilância local e investigados cuidadosamente. Mesmo assim, a subnotificação ainda atrapalha.
De acordo com Flávio Telles, em entrevista à Folha de São Paulo, alguns estados fazem a notificação, são eles: Amazonas, Bahia, Goiás, Minas Gerais, Paraíba, Paraná, Pernambuco, Rio de Janeiro e São Paulo.
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Segundo o médico sanitarista e professor da Fundação Getúlio Vargas (FGV) Adriano Massuda, esse quadro dificulta um trabalho efetivo das autoridades. Também para a Folha, o especialista ressaltou a importância do fortalecimento do centro de zoonoses e da coleta de informações sobre a doença, para que a partir delas, medidas mais claras possam ser traçadas e executadas.
Cuidado maior com crianças
As crianças inspiram ainda mais cuidado quando o assunto é a esporotricose. De acordo com especialistas, os pequenos abraçam e beijam mais os animais. Portanto, correm mais o risco de terem aparições das feridas características no rosto. Além de tudo, a cicatriz, especialmente na face, pode gerar problemas de socialização e de autoestima nas crianças.
Medicar os menores também é uma tarefa complicada, a dosagem varia com o peso do paciente e existem poucas opções no mercado para crianças.
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Como a doença é letal em gatos
Muitas vezes os tutores chegam com feridas na região das patas achando que é fruta de alguma briga. Porém, pode ser um quadro de esporotricose
De acordo com a veterinária Ana Cláudia Balda da FMU, em entrevista para a Folha, a ferida é bastante profunda e tem uma certa dificuldade em cicatrizar. Por ser confundida com algo normal, o tutor pode demorar a procurar um especialista. Assim, a doença pode se espalhar e gerar infecções graves.
O infectologista Flávio Telles acredita que uma das melhores formas de evitar a esporotricose é castrar os gatos. Pois isso diminui a necessidade de contato com outros animais. Apesar de ser um quadro tratável, o abano de animais doentes tem sido comum, mas isso nunca deve ser feito sob essa e nem nenhuma justificativa.
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