Um laudo da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) indicou que as espumas observadas na Lagoa da Conceição, em Florianópolis, foram causadas por algas potencialmente nocivas. O documento foi divulgado nesta sexta-feira (17).

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Segundo os pesquisadores da UFSC, a formação das algas seria efeito de ação humana. Além disso, o grupo descartou um possível efeito natural do ecossistema. Em amostras coletadas entre segunda (13) e quarta (15), foram observadas algas Raphidophyceae, responsáveis por formar marés marrons.

“Os fatores causais mais prováveis são o excesso de nutrientes resultante de excesso de esgotos e ressuspensão de matéria orgânica acumulada no fundo, e a ativação de cistos de dormência das algas, também por processos de ressuspensão de sedimentos”, indicam os cientistas, no texto.

Veja fotos da Lagoa da Conceição

As algas, de acordo com os cientistas, representam risco de mortalidade de organismos aquáticos, como peixes e crustáceos. O fenômeno ocorre em razão da liberação de um muco pegajoso que bloqueia as brânquias — sistema responsável pela respiração dos animais. Além disso, há risco de intoxicação humana.

Apesar dos indícios de esgoto, a ressuspensão de sedimentos também é uma das possíveis causas apontadas pelos pesquisadores. O fenômeno, onde há dispersão de partículas sólidas em um líquido após uma separação, pode estar associado a intervenções humanas.

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Como o laudo da UFSC foi feito?

A equipe foi formada pelos pesquisadores Leonardo Rörig, Paulo Horta, José Bonomi, Alessandra Fonseca e Paulo Pagliosa. Os cientistas realizaram:

  • Coleta do material em diferentes pontos da Lagoa da Conceição, em três dias diferentes.
  • Utilizaram a própria espuma densa, além de água da superfície e subsuperfície.
  • Uma rede especial foi utilizada para coletar os microorganismos minúsculos.
  • As amostras foram mantidas in vivo, sem conservantes, já que os organismos identificados são sensíveis e podem liberar mucos e toxinas que dificultam sua identificação.
  • Cientistas usaram um microscópio óptico potente para enxergar os organismos em grandes aumentos.
  • A análise foi feita imediatamente após a coleta, enquanto os microrganismos ainda estavam vivos.
  • Os cientistas também tiraram fotos para documentar e usaram um software para medir o tamanho dos organismos (verificações morfométricas).
  • A equipe também checou variáveis da água, como p.H e salinidade

Quais as recomendações do laudo da UFSC?

  • Contenção e Remoção emergencial da espuma.
  • Adoção emergencial de medidas de descontaminação do corpo lagunar.
  • Implementação de coleta e tratamento terciário de efluentes domésticos das áreas que influenciam as bacias hidrográficas que drenam para a Laguna.
  • Interromper o bombeamento de efluentes da ETE das Rendeiras para as Dunas da Joaquina.
  • Implementar alternativas com Soluções Baseadas na Natureza para o destino final dos efluentes da ETE das Rendeiras.
  • Implementar um sistema de monitoramento de longo prazo sobre a qualidade de água, bioindicadores e presença de cistos de algas nocivas nos sedimentos, com participação consorciada de universidades e instituições de gestão ambiental.

*Sob supervisão de Giovanna Pacheco

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