Lula (PT) declarou nesta quarta-feira (24), em Nova York, que deixou claro ao presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que os dois “têm muito a conversar”. O brasileiro concedeu uma coletiva de imprensa em que falou sobre o breve encontro com o americano, durante os discursos na Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), na terça (23).
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— Fiz questão de dizer ao presidente Trump que temos muito a conversar. Tem muitos interesses dos dois países em jogo, muitas coisas a discutir sobre a necessidade de mantermos a paz no planeta Terra. E fiquei satisfeito quando ele disse que podemos conversar e, quem sabe, dentro de alguns dias, a gente possa se encontrar e fazer uma pauta positiva entre Brasil e EUA e entre EUA e Brasil. É isso que eu quero e acho que é isso que ele deve querer.
Lula disse que “aquilo que parecia impossível deixou de ser e aconteceu”. Desde o início do tarifaço sobre as importações brasileiras, em agosto, o governo vinha tentando negociar com os Estados Unidos, sem sucesso.
— Tive uma outra satisfação de ter um encontro com o presidente Trump. Aquilo que parecia impossível, deixou de ser impossível e aconteceu. Como eu acho que a relação humana é 80% química e 20% emoção, eu torço para que dê certo, porque Brasil e Estados Unidos são as duas maiores democracias do continente. Temos muitos interesses empresariais, industriais, tecnocientíficos, no debate sobre a questão digital e inteligência artificial. Portanto, se somos as duas maiores economias e duas maiores potências do continente, não tem por que o Brasil e os EUA viverem em momentos de conflito.
“Ele pode mudar de posição”
Lula afirmou também que acredita que muitas opiniões de Trump sobre o Brasil tenham relação com informações equivocadas que ele tem sobre o Brasil.
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— Estou convencido de que muitas decisões tomadas pelo presidente Trump se deveu ao fato da qualidade de informações que ele tinha sobre o brasil. Na hora que [Trump] ele tiver as informações corretas, eu acho que ele pode mudar de posição tranquilamente, da mesma forma que o Brasil pode mudar de posição.
Lula também descreveu o encontro com o americano. Segundo o brasileiro, Trump o abordou com uma “cara muito simpátca, muito agradável”.
— Pintou uma química mesmo — disse, em referência à fala de Trump de que os dois tiveram uma química.
De acordo com Lula, ele e Trump nunca haviam se encontrado antes.
— Estendi a mão para ele, cumprimentei e disse a ele que o Brasil e os Estados Unidos têm muita coisa a conversar, têm muitos assuntos em jogo, e não há limite de assuntos para conversarmos. E não há veto de assunto; é qualquer assunto. Mas, para isso, tem que haver uma conversa.
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O presidente também disse acreditar que Brasil e Estados Unidos podem viver em harmonia e “quimicamente estáveis”.
— O que não é discutível é a soberania brasileira, e a nossa democracia não é discutível. (…) Não sei quem foi que disse ao presidente Trump que ele tinha um déficit comercial com o Brasil. Ele teve um superávit em 15 anos de 410 bilhões de dólares. Espero que, sentados numa mesa, eu, ele, os assessores dele e os meus assessores, a gente possa restabelecer a harmonia necessária que precisa haver entre Brasil e EUA. Quando houver eleição nos EUA, eu não me meto, e quando houver eleições no Brasil, ele não se mete. É assim que a gente faz. A gente acata o resultado da soberania do povo nas urnas de cada país.
Questionado sobre ter uma reunião presencial, Lula disse:
— Por mim pode ser.
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